terça-feira, 27 de março de 2007

Como fazer dinheiro do nada

Aposentado da TV há oito anos, o comediante americano Jerry Seinfield voltou às manchetes na semana passada depois que a revista Forbes elegeu-o como uma das celebridades que mais ganhou dinheiro no ano fiscal americano. Jerome Seinfield, nascido no Brooklyn e filho de um caixeiro-viajante, fez mais de US$ 120 milhões no ano fiscal americano com direitos autorais e vendas de DVD. E vai ganhar mais ainda, e por muitos anos, sem fazer nada. É o 28° da lista, só que todos os outros trabalham – e muito.
“Seinfield, ou show sobre o nada”, como foi idealizado e produzido por ele entre 1989 e 1996, sequer foi percebido no começo. Com o sucesso, modificou os paradigmas da televisão americana por não contribuir em nada para a cultura, os valores familiares, o meio ambiente, a paz mundial ou qualquer outra coisa. Pior de tudo, suas histórias nunca têm final feliz. Politica, social e humanamente incorreto, é até hoje um dos campeões de audiência nos Estados Unidos.
Desde de que acabaram as temporadas, o seriado é repetido em quatro capítulos diários pela TBS e por centenas de Tvs locais, num sistema de distribuição conhecido aqui de sindicalização. De segunda à sexta, das 9 às 11 da noite. 120 minutos de Seinfield. Dvds, fãs clubes, biografias não-autorizadas, compilação dos scritps e até uma teoria macabra, a de que eles jamais fariam sucesso novamente, ajudam a reforçar até hoje o fanatismo pelo humor sarcástico, cruel e obsessivo de Seinfield, George Constanza, Cosmo Kramer e Elaine Bernes.
Quando surgiu, o seriado foi descrito como pós-moderno: solteiros na faixa de 30 anos, sem raízes, vagas identidades e alheios a qualquer moral. As ações se passam dentro da cozinha do apartamento de Jerry (que também na vida real é maníaco por limpeza, super-heróis e sucrilhos) no Upper West Site de
Manhattan, num recorrente e abrupto entra-e-sai de George, Cosmo, Elaine e um ator coadjuvante, Newman, um carteiro que esconde correspondências quando neva em Nova York.
Jerry faz o papel de anfitrião e espectador dos fatos que giram, basicamente, sobre sucessão de derrotas morais, profissionais e familiares de seu amigo George (Jason Alexander), um personagem que, na (melhor) definição de Elaine, é troncudo, lerdo, baixinho e careca. A própria Elaine (
Julia Louis-Dreyfus – na vida real herdeira milionária) e Cosmo Kramer, este sim, um doido varrido (Michael Richards, único ator não judeu) encarregaram-se de abrilhantar a trama em torno de ser, por exemplo, surpreendido limpando o nariz, não fechar a porta do banheiro, xingar operadores de call centers ou selar envelopes com saliva – fato que matou a noiva de George Constanza quando postava os convites de casamento.
Por ser um seriado sobre nada, tanto faz assistir como não assistir. Mas quando se assiste, mesmo repetidas vezes, morre-se de rir. Jerry Seinfield, no auge da fama, resolveu um dia parar de fazê-lo. Recusou US$ 5 milhões de dólares por capítulo (ele ganhava US$ 1 milhão por episódio), o que o fez ser citado no Guiness, o livro dos recordes, como o ator que até hoje recusou a maior grana para trabalhar.
O seriado também está no Guiness pelo maior preço de publicidade já pago até 2004, quando terminou Friends, outro seriado novaiorquinho sobre o nada. Seinfield também marca o ápice da era do merchandising na TV. Produtos que estão em seu apartamento – desde pacotes de sucrilhos, caramelos, molhos até o Apple
Macintosh - renderam milhões de dólares aos criadores e à Sony, que distribui o programa.
O fim de Seinfield, lamentado em todo o mundo, foi capa da revista Time em 1998. O último episódio, onde todos são presos por presenciarem um crime de rua sem reagir, representa o pagamento do preço por ser incorreto. Pois aqui, até segunda ordem, não existe impunidade.
Segundo a revista The Economist, Seinfield também mostra o ápice da recuperação da cidade de Nova York naquele final dos anos 90, antes dos ataques de 11 de Setembro. Antigamente, dizia a revista, os seriados que tinham a cidade como pano de fundo eram todos sobre violência, sequestros, estupros e sexo. Seinfield chegou mudou tudo com um show sobre o nada.

De volta para o futuro

Se você quer passear no futuro mas não é vidente e nem acredita em túnel do tempo, venha para São Francisco, na Califórnia. A capital da “Corrida do Ouro”, destruída por terremotos e incêndios em 1906, berço da contracultura e da liberdade sexual, terá Internet sem fio em qualquer lugar a partir deste ano, fazendo com que qualquer residente possa estar plugado na rede gratuitamente – ou por um preço simbólico.
A iniciativa, calculada em mais de US$ 3 bilhões no decorrer dos próximos anos, é do prefeito Gavin Newson, um empertigado político nascido em 1967 que na semana passada foi pego fazendo a mesma coisa que seu ídolo Bill Clinton fez no Salão Oval com Monica Lewinsky – e que por semelhante razão está sendo forçado a deixar a Prefeitura.
Newson pode até sofrer um impeachment (ele se desculpou alegando que é alcoólatra), mas passará para a história como o primeiro prefeito americano a pôr em prática a chamada democratização do acesso à internet, especialmente para as famílias de baixa renda (embora baixa renda aqui é sinônimo de classe média no Brasil).
O prefeito de São Francisco tem a mesma idéia fixa de gente como o grego-americano Nicholas Negroponte, do MIT, que quer colocar na mão de cada criança do mundo um laptop, ou do brasileiro Rodrigo Baggio, do Comitê para a Democratização da Informática.
Mas para realizar seu sonho, no entanto, Newson fez uma jogada de mestre: uma parceria público-privada com nada mais do que a Earthlink e o Google, duas das maiores empresas da internet, que além de implantarem a rede ainda vão pagar o município por este benefício aos seus habitantes.
Para entender o que isto significa, basta ver o que já está acontecendo em qualquer café, escola, estação de metrô ou mesmo na RSA, uma gigantesca feira de segurança de informações realizada semana passada no Moscone Center, onde mais de 15 mil nerds, vestidos com malhas que se adaptam ao calor e protegem do frio e da chuva, circulam carregando laptops, PDAs, Ipods, celulares, GPSs e um invariável café latte, um aguado e requentado café com leite que custa US$ 2,5 dolares.
Aqui é o epicentro de uma segunda corrida do ouro, a Internet 2.0, onde gente de todo mundo vem abrir empresas pontocom, fazer sucesso rápido e vendê-las (também) a preço de ouro. Ao lado do Vale do Silício e vizinho das universidades de Stanford e Berkeley, São Francisco ferve alta tecnologia, em todos cantos, em todos os lugares.
Embora existam 43 morros nos limites da cidade, que dificultam a implementacao do wifi, o município é densamente com gente rica, ou que está em vias de se tornar bem de vida.
Abastada por 15 milhões de turistas ao ano, que despejam mais de oito bilhões de dolares, e com 39% da sua população estrangeira, a cidade é um retrato do que está para acontecer em escala global. Aqui o mundo está mergulhado na internet, com a profusão de vídeos do You Tube, papos via Skype, dever de casa na Wikipedia e uma crescente aversão a qualquer contato físico, trabalho manual (mesmo os mais leves), soporíferos expedientes de trabalho e carteira assinada. O mundo gira 24 horas por dia, sete dias da semana, multifacetado, em diferentes línguas e dialetos.
Mas nem tudo são flores (e bites) nesta cidade criada pelos mexicanos em homenagem a São Francisco de Assis. Ao lado dos traficantes de drogas– em muitos bairros recomenda-se não sair à noite – existem borbotões de sem-teto dormindo nos passeios, avassaladora invasão chinesa no setor de serviços e alerta contra atos terroristas – especialmente que venham pôr fogo novamente na cidade. Nada que o detetive maníaco-depressivo Monk, que estrela o seriado filmado na cidade, não consiga resolver.
Com o acesso ilimitado à rede, no entanto, São Francisco sai na frente de todas as cidades de seu porte nos Estados Unidos. Pelo acordo, segundo a PRNewswire, a Earthlink criará uma rede que vai oferecer um serviço premium (1 megabit por segundo) por 20 dólares mensais. Assume também a responsabilidade de pagar cinco por cento do faturamento para que a cidade crie um fundo de inclusão digital.
Já o Google, que a cada dia estende seus tentáculos em diversos e variados setores, vai oferecer um serviço básico, a 300 quilobits por segundo, gratuitamente. Por enquanto é impossível quantificar o que a Prefeitura e a cidade vão ganhar proporcionando acesso ilimitado. Mas como Sao Francisco dizia, é dando que se recebe.

América de bolso, por US$ 2,4 bilhões

Reader’s Digest, a minúscula revista norte-americana que em seu 84º aniversário detém a maior circulação em todo o mundo, com mais de 100 milhões de leitores em 70 países (50 edições em 20 línguas) acaba de ser vendida por US$ 2,4 bilhões, incluindo US$ 800 milhões em dívidas. O comprador, Ripplewood Holdings, um grupo que inclui o Merrill Lynch Capital e o J. Rothschild Group, é o mais novo ator na febre da compra e venda de jornais, revistas e tvs que assola os Estados Unidos desde o final do verão.
Desde 1948, quando começou a ser feita em português, gerações de brasileiros aprenderam a ler – e a se encantar com o estilo de vida norte-americano – através da “Seleções”. Para os admiradores, especialmente gente que já passou dos 40 ou é hipocondríaca (a revista é bancada principalmente por anúncios do ramo farmacêutico), Reader’s Digest é o fio que tece os valores familiares, o otimismo e a realização pessoal. Para os detratores, Seleções é mais uma agente ianque que tenta impor o domínio americano em todo o mundo.
Com mais leitores de que a Fortune, o Wall Street Journal e a Business Week combinados, Seleções é a cria de Dewitt Wallace, também conhecido como William Roy (tem gente que muda de nome com a maior facilidade...), ex-soldado que quando se recuperava de ferimentos da Segunda Grande Guerra num hospital da França teve a idéia de uma revista de bolso que contivesse artigos resumidos de outras revistas, jornais e principalmente bestsellers. No meio, enfiou pílulas como “Notícias do Mundo da Medicina”, “Piadas de Caserna”, ou “Enriqueça seu Vocabulário”.
Bonitinha, colorida e sorridente, a revista é uma delícia de se ler. Pode ser lida de trás para diante, do fim para o começo, nos toiletes ou nas salas de espera dos dentistas. Tanto faz ler um exemplar de 1922 ou 2006. Em ambos o leitor achará um artigo sobre a cura do câncer, o perfil de um sobrevivente de um terremoto, a ameaça vermelha (e agora dos terroristas) ou, como na última edição norte-americana, cinco milagres que provam a existência do Papai Noel. A revista não nasceu para mudar nada – apenas preecher os insistentes e repetidos vazios da existência humana.
A “América de Bolso”, como já foi apelidada, sempre encheu os bolsos de seus donos. Hoje em dia, vende 18 milhões de cópias, com um faturamento anual de US$ 2,38 bilhões (lucro em torno de US$ 150 milhões). “As pessoas pensam que a Reader’s é coisa dos nossos avós, mas a empresa tem uma base dinâmica”, disse o CEO da Ripplewoods, Timothy C. Collins. A “Seleções” é dona também de títulos como Taste of Home, e Everyday With Rachael Ray, que fazem bastante sucesso entre as donas-de-casa aqui.
Com a aquisição, que faz com que a Reader’s Digest feche o seu capital, Collins pretende cortar custos e aumentar as vendas (quem não quer?) vendendo a Reader’s para os leitores do seu grupo, que detém títulos como Time Life Series, the Weekly Reader an The World Almanac.
No mercado, calcula-se que o valor da mídia tradicional – jornais e revistas – seja hoje o mais baixo dos últimos quinze anos. Daí a atração dos fundos de private equity, que estão comprando tudo que podem.
“Estas empresas não requerem muito capital, diz Collins. “Elas vendem assinaturas, assim você pega o dinheiro na frente e entrega o produto adiante”, acrescenta. ‘Elas geram muito caixa, assim fazem muitos candidatos a adquirí-las e, melhor ainda, você as compra por preços bastante razoáveis, já que todo mundo está comprando ações do Google”.
O financista Colins fundou o Ripplewood em 1995, gerindo cerca de US$ 4 bilhões de quadro fundos de investimento. A empresa investe em publicações educacionais, telecomunicações, automóveis e outros produtos de consumo. Ao todo são quase doze empresas com mais de US$ 20 bilhões de faturamento. Sua maior transação até hoje foi a compra do Shinsei Bank, fato que ajudou a reestruturar a combalida economia japonesa. A partir de agora, Collins tem a América, literalmente, no bolso.

Aos 45 minutos do segundo tempo

Durante initerruptos 44 anos, Daniel Irvin Rather, Jr., ou Dan Rather, o maior jornalista norte-americano de todos os tempos ao lado de Edward R. Murrow – aquele do filme Boa Noite, Boa Sorte - foi, como se dizia no extinto Repórter Esso, “testemunha ocular da história”.
Na CBS, tornou-se o primeiro repórter de TV a anunciar o estouro da cabeça de John Kennedy numa esquina da Dallas, Texas, atingido pelo projétil de Lee Oswald. Bateu boca, em pleno ar, com dois presidentes, Richard Nixon e George Bush, o pai. No Afeganistão, travestiu-se de terrorista do Jihad para transmitir a guerra com a União Soviética.
Premiadíssimo por incontáveis Emmys and Peaboys, o Oscar do jornalismo, inventou, quase por acaso, a cobertura do tempo com mapas e radares. Ganhava US$ 22 milhões por ano para ser o âncora do CBS News e, com sua voz de barítono texano, encerrar o jornal com o bordão “isto é parte do nosso mundo esta noite”.
Um belo dia, porém, Dan Rather pisou na bola. Em 2004, durante a campanha presidencial, sustentou em pleno ar (e para mais de sete milhões de telespectadores) que a CBS tinha documentos comprobatórios de que o presidente George Bush, o filho, tinha usado a influência da família para evitar ser enviado ao Vietnã.
Depois de uma intensa campanha dos blogs, alimentada pelos seus defensores republicanos de Bush, que descobriram que o documento era falso por usar tipografia de micro-computador (equipamento que não existia na década de 70), Rather ainda sustentou por algumas semanas a autenticidade dos documentos. Ao final, sem provas verdadeiras, foi obrigado a se retratar e pedir desculpas ao presidente.
Paralisada pelo encândalo, e sofrendo pressões econômicas e políticas, a CBS demitiu os quatro produtores envolvidos na reportagem, enquanto Rather simplesmente definhou-se no ar perdendo os créditos de toda uma fantástica vida profissional, até se demitir em 9 de março do ano passado, quando foi substituído pelo também texado Bob Schieffer e, depois, pela simpática Katia Couric, ex-NBC, no mês passado.
Rather até hoje não engoliu o que fizeram com ele na CBS. Sucessor do âncora Walter Conkite, que não largava a cadeira do estúdio por nada, arriscou sua vida presenciando boa parte dos conflitos - armados ou não - das ultimas décadas. Esteve na Guerra do Iraque, em Watergate, nos atentados de 11 de Setembro de 2001 e até no Vietnã.
Durante as duas décadas que apresentou o jornal da noite na emissora, o jornalista deixou uma legiao de detratores e defensores entre os americanos. Para a esquerda, ele é culto, corajososo, trabalhador, agressivamente honesto e, acima de tudo, um porta-voz da verdade.
Para a direita, é um anti-conservador, anti-empresarial, anti-autoridadade – seja ela quem for – e, o pior, anti-americano – um dos maiores pecados que se pode cometer por aqui.
Excesso de confiança, vontade de desafiar o poder, irresponsabilidade, correria na apuração dos fatos– o episódio dos documentos falsos contra o presidente George Bush, que ficou conhecido como Rathergate, até hoje lança dúvidas na opinião pública.
A tragédia jornalística, no entanto, praticamente destruiu a carreira do repórter de 75 anos, já nos últimos minutos do segundo tempo. A virtude pela qual lutou toda uma vida, a verdade, foi vilipendiada de uma hora para outra, roubando-lhe seu patrimônio essencial, a confiança dos telespectadores.
Em sua recém-lançada biografia, Estrela Solitária, escrita pelo ex-produtor Alan Weismann, e recém lançada nos Estados Unidos, Rather diz que, mesmo com a pisada de bola, não se lembra um dia sequer de sua vida que tenha se arrependido de ser repórter.
Quem faz, erra. Quem não faz, já errou – diz o provérbio. Embora corajoso, destemido, um homem de poucos sorrisos, Rather acabou para o jornalismo. No próximo dia 24, no entanto, inaugura um programa semanal chamado “Dan Rahter Reports”, num canal fechado para tv à cabo de altadefinição, a HDNet.
Esta mancha, porém, não o largará jamais.

O caixa-forte do Agente 86

No Agente 86, do genial Mel Brooks, o seriado mais engracado desde que foi criada a TV, existe um cena hilária. Presos num cofre-forte por uma artimanha da Kaos (a agência secreta do mal), dois agentes têm apenas 30 minutos de oxigênio. Um deles começa a fazer ginástica e bufar. O outro reclama: “mas nós temos apenas 30 minutos de ar”. O outro responde: “você use a sua metade como você quiser”.
A Terra está parecendo o cofre-forte de Maxwell Smart (Don Adams), “o mais conhecido (sic) agente secreto de todo o mundo”. Somos 6,3 bilhões de seres neste Planeta, formato por Deus para apenas 1,9 bilhão de seres humanos, segundo biólogos com base em modelos matemáticos. Ou seja, há gente demais para pouco ar.
Por isto nada melhor que o americano comum ficar enfezado com a gasolina a três dólares o galão (ainda é mais barata que no Brasil). Atacados na parte mais sensível do seu corpo, o bolso, nossos irmãos do norte, viciados em petróleo, iniciaram uma revolução verde capaz de devolver o ar puro aos nossos pulmões. Por onde? Pelo bolso.
Até agora pouca gente abriu mão de ligar o ar condicionado, voar a jato ou deixar o carro na garagem. Mas a corrida do ouro de agora é a energia. Os venture capitalists estão de olho na produção de etanol (do Brasil), as montadoras já fabricam carros elétricos (agora mesmo saem os de hidrogênio), e as fazendas de vento, as chamadas wind farms, com aqueles imensos ventiladores, já proliferam em vários Estados.
O mais interessante, no entanto, está nos sites que permitem, digamos, o perdão conservacionista. Nada religioso, é bom que se diga. São sites nos quais você paga uma quantia (50, 60 dólares por mês) para reparar (ou neutralizar) o dano que você, assustado leitor, provoca na Terra diariamente.
O dinheiro é utilizado (e auditado) em investimentos em energia limpa (aeolica, solar etc), no reflorestamento, na eficiência energética, combustíveis reutilizáveis, reciclagem de materiais etc., Terrapass.com, carbonfund.org, nativeenergy.com e self.org fazem sucesso nos Estados Unidos, especialmente para quem anda de SUVs, os carros gigantes que consomem mais de 80 dólares para encher o tanque e que emitem, em média, 10 mil libras de dióxido de carbono ao ano. Em troca, você ganha certificados, adesivos, bônus e, principalmente, o perdão por sujar o Planeta.
É bom que se diga que não estamos arriscados de uma hora para outra a degelar os pólos, transformar as florestas em desertos ou morrermos sufocados, como era o desejo da malvada Kaos, a agencia do mal. Mas se continuarmos a deixar nossos rastros no Planeta (hoje emitimos 60% mais dióxido de carbono do que antes da revolução industrial) nossos filhos e netos não terão muitas alternativas. O problema, pode argumentar você, é deles, mas (sem querer ser debochado) é bom a gente tomar pelo menos um pouco de cuidado.
Veja o exemplo da água, a commodity mais comercializada em todo o mundo, mais do que o petróleo e o café. Calcula-se (também através de modelos matemáticos) que um copo d’água, quem diria, custe hoje em média 2,9 dólares. Quase o preço do galão da gasolina aqui nos Estados Unidos. É muito dinheiro, tanto para quem vive na beira do rio Amazonas ou no deserto do Saara.
Nos Estados Unidos a máxima “aqui se faz, aqui se paga” nunca valeu tanto. O país funciona à base de grana, como se sabe, e as ameaças de aiatolás, Evo Moralez e Hugo Cháves (que foram o novo eixo do mal), estão assustando quem consome pelo menos 30% dos 65 milhões de carros produzidos mundialmente a cada ano.
Ainda não vimos a revolução verde estourar, mas ela está perto. E ela começará pelos Estados Unidos, que está para o mundo assim como São Paulo está para o Brasil.
O país que produz anualmente quase 14 trilhões de dólares, mas que para isto é responsável por 50% da poluição do Planeta, sabe que a era do petróleo e de outros combustíveis fósseis está no fim. Pode fazer uma guerra ali ou acolá, mas jamais deixará que a falta de energia deixe o país de cabeça para baixo.
Algo como aquela cena do Agente 86, quando Maxwell Smart passa diante da Agente 99 (Barbara Feldon), que se camuflava de cabeça para baixo numa emboscada, e pergunta: “É você 66?”.
“Não Max, é a 99”, responde ela.

A solução não está nos extremos

Chega amanhã a Seattle o senador democrata por Illinois Barack Obama, o político afro-americano que parece “andar sobre as águas” e revoluciona a política tradicional com um discurso ameno, conciliador e pacifista.
Obama (difícil não confundir com Osama) é candidatíssimo à presidência dos Estados Unidos em 2008, disputando a indicação do vitaminado Partido Democrata (que provavelmente fará maioria em ambas as casas do Congresso no próximo dia sete de Novembro) com Hillary Clinton, senadora por Nova York e ex-primeira-dama do país.
Segundo o Seattle Times, os ingressos para assistir Obama lançar seu último livro, a Audácia da Esperança, esgotaram-se em pouco mais de uma hora. Alguns foram vendidos no câmbio negro no site Ebay por até 150 dólares. Obama é o novo fenômeno da política americana.
Nascido no Havaí e filho de pai keniano e mãe americana, Barack não é negro nem branco, rico ou pobre, elistista ou proletário, direitista ou esquerdista. Escolado nas dificuldades de ter crescido entre ambiguidades, faz sucesso num país dividido e cansado de guerras, de fanatismos religiosos, de ódios raciais e de bancar, ao mesmo tempo, os papéis de mocinho e bandido do mundo.
Seus primeiros 15 minutos de fama ocorreram num histórico discurso conciliatório durante a convenção democrata que escolheu John Kerry como candidato à Presidência do partido democrata em 2004.
Ganhou tanto tempo na mídia quanto o próprio candidato oficial. Seu estilo de ser, segundo os fãs democratas, lembra o irmão de John Kennedy, Bobby Kennedy, o candidato presidencial abatido a tiros em Los Angeles em 1968.
Magro e com cara de anjo, é o segundo mais novo senador do país. Estudou em Haward, onde formou-se “magna cum laude” e tornou-se o primeiro aluno negro a presidir a Haward Law Review. Ao mesmo tempo, é um campeão dos direitos humanos, da luta contra a Aids e da assistência governamental aos veteranos.
Já confessou ter fumado maconha e usado cocaína, até mesmo – supremo pecado - “ter participado de reuniões socialistas”. Sempre com os pés em dois mundos, estudou nas melhores escolas do Hawaí, viveu na África e nos Estados Unidos, mas na adolescência sua mãe vivia dos bilhetes do bolsa-família norte-americanos, os food stamps.
Obama acredita que a dificildade em rotulá-lo como pertencente a um determinado grupo ou categoria social explica sua incansável busca para entender e reconciliar visões opostas. “Este país”, disse ele, “está preparado para uma política transformadora, tal como a fizeram John Kennedy, Ronald Reagan e Franklin Roosevelt”, vaticina.
Por transitar tão bem entre republicanos e democratas, entre a direita e a esquerda, entre pobres e ricos, entre os estados liberais (azuis) e conservadores (vermelhos), Barack parece um embaixador entre a casa grande e a senzala, como definiu estes dois mundos o nosso Gilberto Freire.
Capa da revista Time na semana passada, sob o título “O Próximo Presidente”, Obama fala macio, pausadamente, entremeando desconfortáveis silêncios quando lhe fazem alguma pergunta mais direta, como “o Sr. Concorrerá à presidência em 2008? “.
-Quando eu acabar de lançar meu livro, vou começar a pensar em como poderei ser mais útil ao meu país e como vou conciliar tudo isto sendo um bom pai e um bom marido, tegiversa.
Quando colocado na parede, explica: “Olha, não é do meu estilo ofender as pessoas ou ser controvertido só por ser controvertido – isto é ofensivo e contraproducente – faz as pessoas ficarem na defensiva e mais resistentes à mudanças, disse ele à revista.
Ou outra resposta que faria corar a neutralidade extinto PSD mineiro: “meu objetivo é descobrir pontos em comum que possam servir de base para uma discussão”.
Em seu lado humano e mortal, Obama faz campanha descendo a lenha no Congresso, encharcado de políticos profissionais, discursos enfadonhos e comportamentos aéticos, além de assaltos sexuais, rapinagem e lobistas sem limites.
Obama, diz a Time, faz uma coisa rara hoje em dia: respeita a inteligência dos eleitores.

Bezos vai lançar foguete

Depois de quase seis anos de mistério, uma marca registrada de todos os empreendimentos que participa, o bilionário Jeff P. Bezos, principalmente acionista da Amazon.com, a maior loja online do mundo, revelou ontem as primeiras fotos do Goddard, o protótipo de foguete que ele está construindo para passear sob a órbita da Terra.
O Goddard, construído em homenagem a Robert Goddard, pioneiro da corrida espacial que lançou um pequeno foguete da sua fazenda em Massachusetts em 1926, subiu apenas 285 pés do solo durante 30 segundos numa área ao Oeste do Texas no ultimo dia 13 de novembro. Só agora Bezos publicou as fotos no website da Blue Origin, a empresa que criou para participar da corrida espacial.
Como nos filmes de ficção científica, e como ainda fazem os russos, o foguete de Bezos sobe e desde verticalmente. Já recebeu autorizacao do Federal Aviation Administration (FAA) para fazer mais lançamentos, até chegar a uma altitude final de 100 quilômetros ou mais carregando pelo menos três astronautas e passageiros. Tecnicamente, o foguete é bastante parecido com o DC-X, ou o Delta Clipper, veículo desenvolvido pela Nasa, conhecida como a mãe de todos os foguetes.
Bezos, cuja fortuna agora vale apenas US$ 3,6 bilhões (tinha US$ 10 bilhões em 1999, antes da bolha da Internet estourar) entra agora para o clube de bilionários que está mandando dinheiro literalmente para o espaço. Outro bilionário de Seattle, o co-fundador da Microsoft Paul Allen, gastou cerca de 20 bilhões de dolares para desenvolver o SpaceShipOne. Na Inglaterra, Richard Branson, dono da Virgin Galactic, pretende oferecer vôos espaciais por apenas 200 mil dólares ainda este ano.
“Estamos trabalhando, pacientemente e passo-a-passo, em torno de viagens espaciais que possam ser acessíveis a muitas pessoas, a fim de que os seres humanos possam continuar explorando o sistema solar”, disse Bezos no seu website. O bilionário, que quando bebê chegou a desmontar seu berço com uma chave de fenda, foi o homem do ano da revista Time em 1999 por revolucionar a forma como as pessoas compram produtos através do chamado comércio eletrônico. Escolheu o nome Amazon, que está fazendo 12 anos e vale mais de US$ 10 bilhões, por começar com a letra “A” e assim figurar no topo da listagem de sites de pesquisa como Yahoo e Google.
Para realizar seu novo sonho, Bezos está precisando desperadamente de gênios que o ajudem nesta emprestada. Acaba de fazer um anúncio ofertando pelo menos 15 cargos para engenheiros de sistemas, engenheiros especializados em propulsão, analistas de software, mecânicos de vôo e outros para a Blue Origin. A empresa tem uma área de 280 mil metros quadrados aqui perto de Seattle, em Kent, e também um complexo de testes numa fazenda do Texas.
O Goddard é o primeiro protótipo do veículo que se chamará New Shepard, dentro de um projeto maior de prolongar a presença humana no espaço. A nave será controlada completamente por computadores em seu cockpit, sem nenhum controle de Terra. Bezos disse à agência Reuters que pretende levar passageiros em 52 lançamentos por ano. Em um artigo de 2004 da revista The Economist, revelou que o veículo vai ser lançado e pousará com sua própria propulsão, usando propelentes como hidrogênio peróxido e querosene.
Na Terra ou no espaço sideral, a mundo ainda vai ouvir falar muito deste excêntrico bilionário, cuja estridente risada faz estremecer as vidranças do quartel-general da Amazon, perto do estádio de futebol americano Quest Field, em Seattle. Recentemente, a revista Business Week colocou-o na capa novamente ao revelar que pretende recuperar sua realeza no mundo da internet oferecendo a tecnologia operacional que fez da Amazon a maior loja online do mundo.
“Bezos quer transformar a Amazon numa espécie de empresa de serviços digitais do século 21”, disse a revista. “É como se o Wal-Mart decidisse oferecer aos concorrentes sua cadeia de suprimentos e seu sistema de logística para qualquer negócio, inclusive varejistas rivais”.
A Amazon está começando a alugar tudo que tem, desde os 10 milhões de pés quadrados de seus depósitos em todo o mundo, até suas capacidades tecnológicas, como milhares de servidores, sistemas de armazenamento de dados e disk drivers, e ainda milhares de linhas de software escritas para coordenar tudo isto”. Se tudo isto não ter certo aqui na Terra, Bezos ainda terá o espaço sideral como alternativa.

Quando o crime compensa, e muito

O crime compensa tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Aí, como se diz, pela certeza da impunidade. Aqui, ao contrário, pela certeza da punição. O país vai gastar este ano mais de US$ 60 bilhões para manter 2,4 milhões de americanos (e imigrantes mexicanos, brasileiros, russos etc.) confinados em mais de cinco mil prisões e penitenciárias, tanto no continente como nos territórios.
O dinheiro está fazendo a festa dos carcereiros (existe emprego mais insalubre?), das comunidades ao redor das penitenciárias (que atraem empregos e renda) e, principalmente, das empresas especializadas na chamada terceirização do cárcere, um negócio que está chamando a atenção de Wall Street.
O Washington Post diz que 13,5 milhões de pessoas circulam anualmente pelo entra-e-sai das prisões dos Estados Unidos. De cada 100 americanos, um está cumprindo pena. 57 deles por posse e tráfico de drogas. O país possui a maior população encarcerada do mundo em termos proporcionais, quase sete vezes mais do que o Brasil. Aumenta cerca de 3,2% a cada ano.
E vai piorar. Pressionado por congressistas e pela opinião pública, o Governo Bush promete apertar o cerco aos imigrantes ilegais, que ainda entram aos borbotões pela fronteira mexicana.
Segundo revelou semana passada o The New York Times, as autoridades acreditam que, no outono de 2007, cerca de 27 mil imigrantes ilegais ficarão detidos a cada noite. Cada um custará 95 dólares a cada 24 horas.
Embora respondam - ainda - por 6% das prisões estaduais e 14% das federais, as empresas privadas que constroem e administram presídios fazem parte de um excelente – e pujante - negócio. Algo como prestar servicos no Iraque para o Governo americano. O risco é grande, mas o lucro tambem é.
Corrections Corporation e GEO, empresas líderes do setor, já brilham nos olhos dos fundos de investimento. As ações destes empresas subiram ate 86% em menos de um ano, promovendo uma corrida de especuladores.
Com dinheiro jorrando no caixa, a criatividade também transborda. Há prisões de todos os tipos: segurança máxima (onde reside Theodore Kaczynski, mais conhecido como Unabomber), mínima (onde morou nos últimos tempos a apresentadora Marta Stewart), ou que podem ser construídas em apenas 24 horas, em qualquer lugar, com fantásticos dispositivos eletrônicos para garantir o isolamento.
- O mercado da detenção, diz Patrick Swindle, diretor da Avandale, um firma de investimentos, projeta aumento de US$ 200 a US$ 250 milhões nos próximos 12 meses. Tudo depende, segundo ele, da eficiência das autoridades em prender mais criminosos e imigrantes ilegais. Quanto mais gente presa, mais dinheiro em caixa.
O sistema, como se vê, se retroalimenta.
Afora as tragédias de sempre – estupros, rebeliões, doenças, mortes -, a privatização das penitenciárias americanas é criticada no país por uma simples razão. Acredita-se que as empresas fornecedoras fazem de tudo para diminuir o “custo por cama”, índice gerencial que mede a eficiência do setor.
No mote capitalista de cortar custos e aumentar a receita, desconfia-se que estes fornecedores tratem mal os presos com comida de qualidade duvidosa, carcereiros de integridade duvidosa e seguranca de eficiência duvidosa.
As empresas, no entanto, renegam as acusações em seus websites. Possuem até uma entidade, a American Correctional Association, para padronizar atividades, treinar funcionários e proteger seus interesses. Antes nas mãos privadas no que na secular e paquidérmica ineficiência do Estado, defendem.
Ao contrário de vários países do mundo, que acreditam mais na prevenção do que na politica do bateu, levou, os Estados Unidos não pensam duas vezes antes de mandar criminoso para a cadeia, seja rico ou seja pobre. Muita gente chique e engravatada é vista com algemas e sorrisos amarelos entrando no xadrez. Mas a verdade é que cerca de 60% dos presidiários são afro ou hispanoamericanos.
Com o capitalismo levado ao extremo, os Estados Unidos é também o maior produtor de criminosos. Uma recente pesquisa mostrou que, num universo de 300 mil ex-prisioneiros, 67% foram presos novamente em três anos.
Como se vê, cliente não falta.

Governo não resolve problema: ele é o problema

Esta semana faz 25 anos que o Ronald Wilson Reagan, o quadragésimo presidente norte-americano, assinou o Economic Recovery Tax Act, que cortou de uma vez 25% dos impostos das pessoas físicas e empresas em todo o país. Ex-ator de filmes B de Hollywood, dedo-duro da época do Marcartismo, Reagan, ainda em seus oito anos de governo, acabou com a União Soviética, o chamado Império do Mal, ajudou a derrubar o Muro de Berlim, levou tiros de um aloprado que se escondia atrás dos jornalistas e - esta é demais – demitiu sumariamente exatos 11 mil 359 controladores de tráfego aéreo que estavam em greve, deixando milhares de aeronaves literalmente fora do ar.
Seu governo é execrado, estudado, admirado pela esquerda e reverenciadocultuado pelos chamados “verdadeiros” republicanos – aqueles que acreditam na separação entre Igreja e Estado - até hoje. Nenhum presidente encarnou tão bem três idéias fixas: liberdade econômica, redução de impostos e desregulamentação. Segundo o cowboy, que morreu em 2004 de complicações resultantes de uma década de Mal de Alzheimer, o mercado foi, é e sempre será o rei. A Heritage Foundation calcula que o corte de impostos de Reagan levou o déficit público para o espaço – quase US$ 1 trilhão -, mas detonou uma onda de cortes que iria se espalhar no próximo um quarto de século por dezenas de países em todo o mundo criando, só nos Estados Unidos, cerca de 40 milhões de novos empregos, mais do que todo o mundo industrilizado combinado.
Todo presidente em campanha promete redução de impostos, mas basta sentar na cadeira e ver o buraco nas contas que a coisa muda. George Bush (pai), que durante os discursos de campanha falava “leiam os meus lábios – eu não vou aumentar os impostos”, e acabou aumentando, pagou caro por isto. É preciso ser, como se diz, muito macho (ou no caso feminino, uma mulher de fibra) para ir contra tudo e contra todos, cortar a receita de hoje e apostar na (incerta) receita de amanhã. Reagan, como disse a revista Newsweek logo que assumiu, em 1981, só tinha uma bala no gatilho (lembram-se de Collor?) ao “herdar ao mais perigosa crise econômica desde que Franklin Roosevelt assumiu há (naquela época) 48 anos”.
A coisa estava feia. Depois de sucessivos choques nos preços doe de petróleo e de longos quatro anos do democrata Jimmy Carter, os Estados Unidos viviam o que se passou a chamar “estaguinflação”, a desastrosa combinação de baixo crescimento econômico com a disparada dos preços que muita gente está cansada de ver. Com juros de 20% ao ano para a compra da casa própria, disparate que aqui soa como xingar a mãe, o país estava com o moral tão baixo que os soviéticos aproveitaram para invadir o Afeganistão e outros comunistas para lançar bases nas Nicarágua e na África. O mundo livre, como gostava de dizerdiria o Capitão América dos quadrinhos (por sinal, ídolo de Reagan), estava em perigo.
Com o gatilho da redução dos impostos, Reagan (pronuncia-se rêeegan, e não rígan) fez com que o índice Dow Jones subisse nos próximos anos de 800 para 11 mil pontos, aumentando a riqueza nacional em US$ 25 trilhões. Hoje, a taxa média de impostos sobre pessoas e empresas está em 35%, comparada com quase 70% em 1981. Em 1970 os impostos sobre dividendos eram de 70%. Hoje estão em 15%. Estas reduções atraíram mais de US$ 3 trilhões em investimentos estrangeiros para o paraíso doe de capitalismo.
Nada mal para um homem que nunca entendeu de economia, quase nada de política e nem sabia o que significava “tudo pelo social”. A solução, para ele, era tirar o governo do planejamento, do controle (e, dese possível, de quase tudo) reduzindo os impostos. Os mecanismos do mercado, como propagava o que se passou a chamar “Reaganomics”, encarregariam-se de corrigir as distorções. Durante seu discurso de posse, bradou: “o governo não é a solução dos nossos problemas – o governo é o problema”.
Republicano de carteirinha, Reagan passou seus últimos dias cavalgando e cortando lenha em seu refúgio, Rancho Del Cielo, perto de Santa Bárbara, na Califórnia, estado onde foi governador na década de 70. Num belo dia os japoneses insistiram para que ele abandonasse seus cavalos e fizesse um discurso no Japão. O “Grande Comunicador”, como era chamado na época, relutantemente aceitou. Cobrou US$ 2 milhões.

O mundo precisa de gente aasim

Com a estreia de Cars, o novo sucesso da dupla Disney/Pixar em cartaz nos Estados Unidos, o veterano ator Paul Newman (que representa com sua voz o `rabugento` carro Hudon Hornet, lancado em 1951) completa 81 anos e 70 filmes com uma inigualavel carreira cinematrografica.
Newman, pai judeu e mae catolica, casado com a tambem atriz
Joanne Woodward , seis filhos (um dos quais jah falecido), eh o tipo de pessoa que todo mundo gosta.
Carismatico, bonito, charmoso, ator inigualavel, causa sensacao nas mulheres (e a inveja dos homens) desde que atuou no faroeste Butch Cassidy, em 1969, embora seja mais famoso nos Estados Unidos pelo seu papel em O Presidiario (
Cool Hand Luke) dois anos antes.
Neste filme, considerado um classico do cinema, Newman come mais de 60 ovos de uma vez para protestar contra seus algozes.
A cena ficou tao famosa que ateh hoje os alunos de Princenton, uma das mais requintadas universidades americanas, celebram o Newman`s Day, onde disputam quem consegue beber 24 cervejas em 24 horas seguidas sem abrir mao das aulas (inclusive de educacao fisica).
Mas o mais interesssante desde ator, diretor, produtor, ganhador de dois Oscars e indicado para mais nove, eh o seu sucesso como homens de negocios. E por acaso.
Ha 28 anos, Newman e seu amigo A. E. Hotchner, um escritor norte-americano, decidiram parar fazer molhos de salada por conta propria, pois detestavam os fabricados ateh entao.
O molho ficou tao famoso que os vizinhos comecaram a pedir. Pediram tanto que os socios decidiram vende-lo para os restaurantes de Westport, Connecticut, na Costa Leste, onde moram ateh hoje.
Desafiando todas as leis dos negocios, e principalmente do marketing, a iniciativa deu tao certo que Paul, quatro anos depois, fundou a Newman’s Own, hoje uma das maiores empresas de alimentos dos Estados Unidos, e outra, a Newsman`s Own Organics, com sua filha Nell, ja em 1993.
A historia passaria desapercebida nos escaninhos do capitalismo norte-americano caso a Newman’s Own nao se tornasse uma potencia, destinando todo o seu lucro para o fundador, o que nao deixa de fazer sentido.
Mas o legal eh que Newman, depois de pagar os impostos, doa todo este dinheiro (ate semana passada, mais de US$ 200 milhoes) a causas filantropicas ou de caridade que bem entender, embora seu foco seja criancas com serios problemas de saude, especialmente cancer, e em estado terminal.
Os produtos da Newsman’s Own estao praticamente em qualquer supermercado americano. Molhos para saladas, sorvetes, salsas, pipocas, limonadas. Eh dificil resistir aa tentacao de comprar.
Por que? Porque alem de do charme da embalagem, voce sabe que, comprando o produto, nao esta fazendo Paul Newman (ou sua familia) mais rico, e sim ajudando milhares de criancas criancas carentes com cancer em estado terminal. Ha causa mais nobre?
O que chama atencao eh que, ao inves de logomarcas brilhantes e coloridas, aparece apenas uma tosca imagem desenhada de Paul Newman (afinal, para que serve o sucesso?) de chapeu, no velho estilo Butch Cassidy que o tornou uma celebridade.
Colocar um rosto bonito numa embalagem, como se ve, nao eh o bastante para estourar as vendas. Vejam o caso de Frank Sinatra (com espaguetes), ou, na versao nacional, a ex-rainha Xuxa (proibida nos Estados Unidos pelo forte apexo sexual) e sua irritante parafernalia para criancas.
Quem tem dinheiro o bastante para nao pensar mais nele, como todos os nomes acima, nao precisa acumular mais.
Vejam o exemplo de Bill Gates, que por `sugestao` da revista The Economist (segundo a propria revista gosta de dizer) vai doar toda a sua fortuna ateh o final de sua vida.
Numa recente palestra na Universidade da California, Newman disse que nao se ve como um filantropista. `Eu vejo estes US$ 200 milhoes mais como um investimento na comunidade`.
Se voce precisa do dinheiro de Paul Newman para ajudar criancas carentes no Brasil, e se sua organizacao estiver dentro das leis norte-americanas de incentivo fiscal, escreva para
Office of Paul Newman – Dep. ORG
Colonial Green 246
Post Road East Westport
O688O – Connecticut – USA

Cartão de crédito é dinheiro?

“Tenho um grande respeito pela realidade, mas jamais permito que ela intefira em minha vida”, dizia o poeta.
Cartões de crédito (ou de débito), os plásticos que engordam nossas carteiras, parecem ser a chave eletrônica que separa a realidade da ficção, a prudência da autoindulgência, a espera (que refina o caráter) e o efêmero prazer dos desejos prontamente realizados.
Às vésperas de comemorar 120 anos, desde que um tal de Edward Bellamy o concebeu num romance utópico “Olhando para trás”, o cartão é, no entanto, a verdadeira ameaça à paz das famílias americanas – e de todo o mundo. O problema não é somente aquele frio na barriga quando se abre a conta que chegou do correio. O estrago é bem maior.
O último relatório do Government Accountability Office, uma espécie de ouvidor geral do país, dá conta que os americanos possuem 691 milhões de cartões de crédito, devendo mais de US$ 1,838 trilhões em compras (quase duas vezes o PIB brasileiro), pagamentos de seguro saúde e até impostos, numa média de 2,3 bilhões de transações mensais.
O debate agora não é mais se os consumidores vão conseguir pagar as faturas mensais, mas como a indústria do dinheiro de plástico está se aproveitando das dificuldades de alguns para aumentar os juros e cobrar taxas por atrasos e por estouro de limites, que afligem quase a metade dos 144 milhões de portadores do cartões, segundo o Cardweb, site especializado no setor.
Em média, uma família americana utiliza oito cartões, carregando US$ 9,1 mil. Somente 55 milhões pagam os cartões integralmente, enquanto 35 milhões pagam somente o mínimo requerido.
Se a pessoa tem dificuldades para pagar qualquer conta, e não necessariamente os cartões de crédito esta informação é transmitida aos três mais importantes bureaus de crédito do país, Equifax, Expedian e Transunion.
Ou seja, o nome fica sujo. Imediatamente os cartões de crédito aumentam as taxas de juros e as penalidades para os maus pagadores. Reclamações? Estava tudo acertado no detalhado contrato de letras minúsculas que você assinou.
A situação ideal para a indústria dos cartões, como se sabe, é o consumidor que se endivida de forma que possa pagar, pelo menos, o mínimo da conta mensal. Este grupo é o favorito da indústria, segundo o documentário FrontLine, exibido pela rede pública de tv norte-americana, a PBS. Gente que paga o cartão integralmente é chamada de caloteira, porque vai contra a corrente e rouba os lucros dos cartões.
Depois do lançamento em 1950, quando executivos tiveram dificuldades para pagar uma conta de restaurante e lançaram o Diners, a maior revolução no setor foi quando o consultor financeiro Andrew Kahr sugeriu que o pagamento mínimo fosse diminuído de 5 para 2% do total da conta. De repente, o céu tornou-se o limite para o endividamento. Com estas facilidades, milhões de consumidores mergulharam para valer nas facilidades do crédito fácil, diz o documentário da PBS. Somando-se os cartões de crédito (US$ 1,838 trilhão), os cartões de débito (US$ 817 bilhões), os cartões de varejo, incluindo postos de gasolina (US$ 140 bilhões), chega-se à cifra de US$ 2,7 bilhões que os consumidores devem aos cartões aqui. Média de juros anuais (e não mensais)? 14,55%.
Diante destas ofertas, as pessoas são tentadas a consumir, acreditando que nunca terão problemas como desemprego, divórcio ou pagamentos de tratamentos de saúde – ou simplesmente que terão condições de saldar o débito total algum dia. “Pessoas acreditam no que eles querem acreditar”, pontifica o consultor. Ou seja, como Oscar Wilde, às vezes não permitem que a realidade interfira em suas vidas.

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

Dignosticado em 1987 com câncer linfático, uma das mais devastadoras doenças, o aguerrido (e impecavelmente vestido) apresentador e editor da Fox News Neil Patrick Cavuto escondeu sua condição até que, dez anos depois, seu médico o chamou no consultório para dizer: “O senhor parece ser o mais azarado bastardo de todo o planeta – o senhor está com esclerose múltipla”.
- Naquele momento, disse ele, senti meu mundo desabar. Teria que parar de trabalhar, minha fadiga iria aumentar paulatinamente, sentiria constantes perdas de conciência e levaria alguns repentinos tombos.
Cavuto, que comanda um dos programas de maior audiência na tv a cabo norte-americana, Your World with Cavuto, não desistiu. Consultou-se com os maiores especialistas, seguiu todas as prescrições e, ao tornar pública a doença, teve o apoio de seus colegas da Fox.
- Tentei esconder o máximo que pude, mas chegava para trabalhar e frequentemente descobria uma verdadeira SWAT escondida nos bastidores escrevendo minhas falas, pesquisando novos assuntos e convidados, fazendo praticamente todo o trabalho para mim – estes são os verdadeiros heróis na minha vida, diz ele, ainda superativo quase dez anos depois de descobrir a nova doença.
Neil Cavuto é tido como um dos porta-vozes da direita religiosa norte-americana que tomou o poder, os chamados republicanos com compaixão. Sua voz estridende geralmente é utilizada para xingar imigrantes ilegais, defender a presença norte-americana no Iraque, acusar os democratas de terroristas, atacar a maioria liberal da midia americana ou escarafunchar recônditas tendências esquerdistas em qualquer fato do noticiário.
Este nova iorquino, no entanto, que já foi estagiário na Casa Branca de Jimmy Carter, é um dos personagens mais interessantes de um best seller recém lançado nos Estados Unidos, Firing Back (How Great Leaders Rebound After Career Disasters), escrito por Jeffrey Sonnenfeld e Andrew Ward e editado pela Havard Business School Press.
O livro, um calhamaço de mais de 300 páginas, está mais para tese universitária do que autoajuda. Depois de mais de dois anos de pesquisas e entrevistas, muitas delas pessoalmente com as celebridades citadas, os autores perguntam porque muita gente cai, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima, como no famoso samba do inesquecível Paulo Vanzolini, enquanto outras caem e se enterram para sempre na poeira do ostracismo.
Sonnenfeld e Ward não chegam a nenhuma conclusão, pois tanto vencedores como perdedores escondem razões que a própria razão desconhece. Mas dão muitas pistas do que leva ao triunfo ou ao fracasso, segundo eles faces de uma mesma moeda.
Como na história de duas mulheres, a magnata dos imóveis Leona Helmsley, que virtualmente desapareceu depois de sete meses na prisão e multas milionárias para o fisco americano, e a apresentadora Marta Stewart, que depois de cinco meses atrás das grades por inside information não se abalou, ganhou a simpatia do público e semana passada foi apontada, mais uma vez, como uma das mulheres mais ricas do mundo.
“Devemos abraçar a dor e queimá-la como combustível da nossa jornada”, dizem os autores lembrando o japonês Kenji Miyazawa. Por isto mesmo, segundo eles, é possível recuperar a carreira e restaurar a reputação depois de uma grande derrota.
Seguindo os passos de gente como Bill Clinton, o ex-presidente norte-americano acusado de má conduta na Casa Branca, Steve Jobs (demitido da Apple pelo próprio board e hoje o responsável pelo sucesso da empresa) ou Michael Milken, o ex-rei das junk bonds que hoje faz sucesso no ramo educacional, Firing Back dá cinco dicas para quem acabou de levar uma chicotada do destino.
1.- Enfrente a situação e não tente ignorá-la ou negá-la. O fracasso é o começo, não é o fim, e é a fonte do próximo sucesso 2. – Ignore os conselhos dos amigos que gostam (e como tem gente que gosta) de lamber as feridas. 3.- Não importa quão terríveis as circunstâncias são, um triunfante retorno é sempre possível (a não ser que você mate alguém). 4. Embora pareça que o mundo está contra você, existem pessoas que te apóiam e estão ansiosas para te apoiar se você as deixar. 5.- Clarifique sua missão. 6.- Conheça a sua história. E, finalmente: O retorno não é uma questão de sorte, mas sim de escolher o caminho certo.

O caixote que mudou o mundo

O discreto, feio, retangular e previsível container está celebrando hoje seu 50° aniversário. Nascido na Carolina do Norte pelas mãos do norte-americano Malcom Purcell McLean, considerado “O Homem do Século” pelo International Maritime Hall of Fame, o container está relegado – injustamente – ao porão da história da humanidade, embora seja tão importante feito a luz elétrica, o avião ou a linha de montagem de automóveis de Henry Ford.
O professor de História Marítima Arthur Donavan e o jornalista Joseph Bonney, autores do livro recém-lançado A Caixa que Mudou o Mundo, consideram-no “a essência da globalização”. Calcula-se que 90% dos produtos que você, desavisado leitor, consome, já passaram por um dos 18 milhões de containers (26% deles oriundos da China), movimentando 180 bilhões de dólares em faturamento para as transportadoras marítimas que fazem, em média, 200 milhões de viagens anuais.
Até o nascimento deste caixote de aço, que mede 13 metros de cumprimento por seis de altura, os produtos eram carregados, diríamos assim, no muque. O comércio internacional, por isto mesmo, era uma verdadeira mala sem alça. Cada um fazia o que queria, o que levava o preço dos fretes à estratosfera.
Não existia padrão, padronização, estandartização ou qualquer sinônimo de eficiência. Os porões dos navios, as boléias dos caminhões, os vagões de trens ou a parte de carga dos aviões era um amontoado de bananas, botas, inseticidas, escavadeiras ou qualquer coisa que coubesse lá.
McLean resolveu por ordem nas coisas, pois sabia que a organização, como dizem os filósofos, nada mais é que uma reação à desorganização. Dono de uma frota da caminhões, ele começou a ver seus próprios caminhões, como também trens, aviões e navios, como uma extensa ponte – na verdade uma esteira rolante - entre os fabricantes e os consumidores finais.
Nesta ponte os produtos deveriam ser acondicionados de tal forma que coubessem adequadamente em qualquer destes meios de transporte – e em qualquer lugar do mundo. Sua idéia inicial foi a construção de reboques que, puxados por caminhões, eram levados integralmente junto com a carga dentro dos trens e navios. Mas depois descobriu que os próprios reboques ocupavam muito espaço.
Numa fria e nebulosa manhã da primavera de 1956 no porto de Newark, em Nova York, encheu 58 containers e, com a ajuda de mais de 100 estivadores da sua empresa, a Pan-Atlantic, acondicionou-os no navio-tanque Ideal X, despachando-os para a Houston, no Texas, onde chegaram cinco seis dias depois. Foi uma viagem que mudou o mundo.
Obviamente, o container não foi a único burro-de-carga da explosão do comércio internacional que viria décadas depois. “Diversos fatores contribuiram para que o chamamos hoje de globalização, como a queda do muro de Berlim, a redenção da China ao capitalismo, o fechamento dos grandes acordos de livre-comércio.... embora em todos estes eventos o container estivesse lá”, diz o diretor editorial da Commonwealth Business Media, Peter Tirschell, que prefacia o livro.
Os containers, na verdade, derrubaram o preço dos fretes. Hoje, o custo do transporte de produtos ao redor do mundo, das fábricas aos mercados, é tipicamente 1% do preço praticado varejo. Custa 34 centavos de dólar trazer um par de sapatos da China que é vendido a US$ 45 nos Estados Unidos. Ou US$ 90 para uma motocicleta que custa aqui US$ 11 mil. “Os containers acabaram com a distância entre as fábricas e os mercados”, dizem os autores.
Mas nem todos os ventos sopram a favor dos containers. Depois dos ataques de 11 de Setembro em Nova York, eles são considerados a maior vulnerabilidade para um novo ataque terrorista aos Estados unidos devido à dificuldade de rastreamento. Ainda em 2001, foi descoberto um container que mais parecia um quarto de hotel no porto de Gioia Tauro – com cama, laptop, e telefones celulares. Se podem virar quartos, podem virar bombas ambulantes. A Booz Allen conduziu uma simulação dos efeitos da eventual descoberta de uma bomba radioativa dentro de um container. A firma descobriu que a provável reação seria o fechamento de todos os portos norte-americanos por mais de nove dias – o que geraria um prejuízo de mais de US$ 58 bilhões.

Bom de voto, bom de grana

Para quem ainda acha que política é feita de idéias, e não de dinheiro, veja o exemplo do deputado democrata Rahm Emanuel, o político pitbull, “algo intermediário entre as hemorróidas e uma terrível dor de dente”, como dizem seus detratores, o homem que está por trás da fantástica vitória dos democratas mês passado e que acuou George Bush para trás dos muros da Casa Branca.
Judeu praticante, triatleta, 1 metro e 78 de altura, nove dedos nas mãos, pele tostada como a dos beduínos, casado e pai de três filhos, o deputado pelo distrito de Chicago é um homem que liga às 4 da tarde pedindo dinheiro, liga novamente às 4:15 para ver se o dinheiro já foi transferido e às 4:30 para agradecer – e pedir mais.
Amado e odiado, igualmente pela esquerda como pela direta, é um dos homens mais ricos do Congresso. Levantou (para si mesmo) US$ 18 milhões em bônus durante dois anos e meio, quando trabalhou para o banco de investimentos
Dresdner Kleinwort Wasserstein in Chicago.
Com seu estilo pitbull, determinado, incansável e nervoso (“seus olhos costumam rodopiar”) e ao lado da deputada (e hoje presidente da Câmara) Nancy Pelosi, impôs a eficiência e a disciplina empresarial à então confusa e difusa minoria democrata.
O resultado está aí. Pela primeira vez na história, os democratas arrecadaram tanto dinheiro quando os republicanos na última eleição. E, depois de sedentos doze anos, promoveram uma virada histórica na política dos Estados Unidos e, consequentemente, de todo o mundo.
”Nada substitui o suor na prática de levantamento de recursos”, ensina ele. “Você determina a sua meta, vai em direção a ela e põe coloca toda a sua energia neste sentido”, resumiu ele numa extensa matéria biográfica feita recentemente pela revista Fortune.
Emanuel Rahm tem a fé que remove montanhas (e abre os bolsos dos endinheirados) não apenas por mérito próprio. Parece que já nasceu assim, como de resto seus pais e irmãos. Filho de um médico israelita que imigrou para os Estados Unidos (o nome Rahm significa “elevado” em hebraico), o político democrata já serviu no Exército israelense como mecânico na fronteira com o Líbano.
Seu irmão mais novo, Ari Emanuel, é um dos mais proeminentes agentes artísticos de Hollywood, dividindo com ele o mesmo estilo “bateu-levou-deixa-que-eu- chuto”. O mais velho, Ezekiel, é um dos famoso oncologista nos Estados Unidos e tido como um dos maiores apologistas na defesa da ética na medicina. O próprio Rahm já virou fonte de inspiração para o personagem
Josh Lyman no seriado da NBC The West Wing .
Rahm formou-se em – pasmem – dança. É bailarino diplomado pelo
Joffrey Ballet. Também tem um diploma na área de comunicação. Perdeu um dedo num acidente na adolescência que quase o matou. Ficou entre a vida e a morte durante seis semanas, com uma severa infecção nos ossos. “Quase o perdemos naquela época”, diz sua mãe Marsha Emanuel. “Ele perdeu um dedo mas ganhou um novo senso de seriedade e propósito”, diz a amiga Mary Lesli. “Rahm tem um dos maiores instituintos de sobrevivência que eu já vi”, completa.
Atualmente, além de celebrar a vitória democrata, está percorrendo os Estados Unidos com o lançamento de seu livro “O Plano – Grande Idéias para a América”, em autoria com o presidente do Conselho da Liderança Democrática, Bruce Reed, uma das poucas pessoas nos Estados Unidos com a qual ele não grita. Semana passada foi a atração do programa de entrevistas “The Daily Show”, com John Stuart, pelo Comedy Central.
Seu ídolo político é nada menos que Bill Clinton, com quem trabalhou seis anos na Casa Branca e chegou a substituir o jornalista e ex-porta-voz George Stephanopoulos (hoje repórter e comentarista da rede ABC) como conselheiro sênior na área de política e estratégia. Clinton jamais o esquecerá. Em sua primeira eleição, em 1992, quando chafurdava em meio ao tiroteio da ex-assistente Gennifer Flowers (que o acusou de assédio sexual), Rahm foi o homem que levantou dinheiro para defender o ex-presidente nos anúncios da TV.
Para Rahm Emanuel, política se faz com dinheiro – se tiver boas idéias e nobres ideais, melhor ainda. Se não tiver, azar de quem estiver pela frente. O homem é uma locomotiva, uma máquina de fazer dinheiro, um político incansável que está pavimentando a estrada rumo à Casa Branca.

O número 333 é "lindo, redondo, gorducho"

Exibido em cadeia nacional de TV domingo pela CBS, durante o programa 60 Minutos, a história do britânico Daniel Paul Tammet, 27 anos, apaixonou os americanos.
Tammet é um dos 40 seres humanos conhecidos como sábios autístas: foi presenteado pela natureza com uma descomunal capacidade matemática, memória sequencial e, como se não bastasse, aptidão para línguas. Qualquer uma delas. Aprendeu o islandês, conhecido como um dos idiomas mais complicados do mundo, em apenas uma semana.
Submetido a um teste no Museu da História da Ciência, em Oxford, na Inglaterra, patrocinado pela Sociedade Nacional de Epilepsia, Tammet recitou sem errar uma só vez boa parte da sequência da letra Pi (3,14159.......) usada para calcular a circunferência. Lembrou de exatos 22 mil 514 números em cinco horas. “Os números são meu amigos. Eles nunca mudam. Assim, são confiáveis”, diz.
Daniel acaba de lançar sua biografia, Born on a Blue Day. Foi tema do documentário inglês Brainman, numa alusão a Rainman, estrelado por Dustin Hoffman e ganhador dos Oscars de melhor filme, ator, direção e roteiro original em 1988. Não fuma, não bebe e não atende convites para prever números de loterias ou coisas afins.
O que mais impressiona os cientistas, no entanto, é que ele não é um sábio autista, na acepção da palavra. Por ser apenas mais um de nove filhos, ele teve de aprender a se virar neste mundo. Foi educado numa família onde, como se diz lá em Minas, filho chora e mãe não escuta. “Tive de me virar”, diz. Daniel não tem sinais do que se chama de deficiência mental, como também é capaz de descrever boa parte do que se passa na sua cabeça.
Por exemplo, números. Ele evita ir à praia para não cair na compulsão de contas os grãos de area, e vê cada número como uma forma e uma cor diferente, um dos tipos da correlação conhecida como sinestesia. 289, por exemplo, “é um número horrível”, enquanto 333 é “maravilhoso, redondo e....gorducho”. “Cada número tem uma forma, uma textura e uma sensação diferentes - e eu vejo os resultados dos cálculos como paisagens na minha mente”, diz ele.
Daniel fala inglês, francês, finlandês, alemão, espanhol, lituano, estoniano, islandês e, porque não, esperanto, a língua universal. Ele também está criando uma nova linguagem, o Manti, uma mistura de finlandês com estoniano.
Tanta capacidade de expressão, em diferentes idiomas, está apaixonado os cientistas, que o consideram um elo perdido para decifrar por que a natureza é capaz de produzir célebros assim. Daniel teve seguidos (e fortes) ataques de epilepsia aos quatro anos, o que deve ter contribuído, segundo seus médicos, para o desenvolvimento destas habilidades.
Uma das possibilidades é que, a partir destes ataques, outras partes do cérebro venham funcionando de forma anormal ou subnormal, diz o médico V. S. Ramachandran, Centro de Estudos do Célebro da Califórnia, o que leva Daniel a alocar os “recursos de atenção” para a parte remanescente. “Há muita evidência clínica disto, pois muitos pacientes que sofreram derrame descobrem talentos artísticos repentinamente”, diz.
Apesar de ter seu próprio negócio na área educacional, ou de dar palestras motivacionais para outros garotos autistas, Daniel fica ansioso quando fica perto de muitas pessoas, ou ouve muito barulho. Esta ansiedade faz com que ele fique a maior parte do tempo dentro de casa. Não dirige, raramente vai às compras, e conta milimetricamente o cereal que toma com leite de manhã: 45 gramas. Nem mais, nem menos.
Ao final da entrevista como veterano repórter Morley Safer, dos 60 Minutos, Daniel abre o coração: “uma hora depois de acabarmos (esta entrevista), eu não me lembrarei como você se parece. E eu vou encontrar dificuldade para reconhecer você, se eu o vir novamente. Eu me lembrarei do seu lenço, de quantos botões seu paletó tem na manga – apenas detalhes”, diz.
E finalmente: “O número Pi é uma das mais belas coisas em todo o mundo....se eu puder dividir a alegria dos números com as pessoas através dos meus escritos e da minha fala, então eu sentirei que fiz alguma coisa útil nesta vida”.

O pecado mora ao lado

Alta, loira, olhos azuis da cor do mar e uma voz que estraçalha os interlocutores, a norte-americana Julie Roehm tinha tudo para ser feliz. Um marido honrado e trabalhador, dois filhos pequenos, uma carreira meteórica no marketing e, acima de tudo, um recente emprego de US$ 1,7 milhão anuais (incluindo luvas, bônus e participações) no Wal Mart, a rede de supermercados que só ainda não dominou o mundo porque não é um país – é apenas uma rede de supermercados.
Por estas armadilhas do destino, Roehm só não contava conhecer seu colega de trabalho Sean Womack, com quem começou a desenvolver um tórrido caso durante o processo de escolha da nova agência da rede, a Draft-FCB, numa conta de US$ 580 milhões. Durante esta mistura de amor e negócios, aceitou dos publicitários animadas noites de hotel, drinks enebriantes e jantares romanescos, entre outros agrados: não se separava o sonho da razão.
Roehm, uma urbanóide de Detroit, no norte dos Estados Unidos, encontrou em Sean a animação que queria na longínquo, sulista e puritano Arkansas. “Tenho duas grande prioridades trabalhando aqui”, confessou ela num e-mail revelado recentemente, “e você está no topo delas, Sean”. “Sinto a necessidade de estar dentro dos seus pensamentos, já que não posso estar com você’, respondeu o amante apaixonado.
O que se segue é uma mistura de sexo e mentiras (e alguns video-tapes) que deixaria rubro Nelson Rodrigues, que sob o pseudônimo de Susana Flag escreveu a coletânea (e também uma obra-prima) “Meu Destino é Pecar” no extinto Diário Carioca.
Roehm, ou simplesmente Julie, 36 anos, já ia feliz da vida rodando as lojas da rede quando recebeu um telefonema urgente de Bentoville, Arkansas, cidade pacata que abriga a “sem-janelas” e cinza sede do Wal Mart, conclamando-a a retornar ao seu escritório no jatinho da empresa.
Quando chegou, quase petrificada por aquele frio na espinha de quem advinha o pior, Julie foi para a sala da diretoria onde ouviu, por 45 minutos, centenas de perguntas sobre o processo de escolha da Draft-FCB. Quando saiu, já arrasada e louca para ir embora, teve de enfrentar por mais um hora dois capangas da Wal Mart com perguntas que nem o Ratinho faria em seu programa no SBT.
Julie ainda ficou mais quatro longos dias na empresa, até que numa manhã uma pessoa “muito afável” dos Recursos Humanos acompanhou-a ao estacionamento, pegou seu crachá, o Palm Treo, o cartão de crédito (e débito) corporativo e despachou-a para a casa. “No meio dos carros, debaixo daquel sol brilhante, me perguntava: o que sinto sobre isto tudo? Algo como um grande alívio”, revelou mais tarde aos jornalistas.
Alívio para ela, mas não para o Wal Mart. Julie ganhou reputação de irascível e irritável como diretora de Marketing Communications do Grupo Chrysler, onde introduziu conceitos extremamente femininos (e coloridos) em novos formatos de propaganda durante o SuperBow, a final do campeonato americano de futebol onde 30 segundos de glória valem de 2 a 3 milhões de dólares. Daí sua contratação para revolucionar o marketing da Wal Mart, tão sem graça feito sua sede no Arkansas.
Ela (e o amante) estão processando a rede em alguns milhões de dólares por não terem recebido os “direitos” depois da demissão (você já ouviu esta história antes?) , ao mesmo tempo em que a rede está processando-os por conduta imoral no exercício de cargo (receber os famosos “cala-bocas”), como também proporem à agência vencedora uma “parceria” em futuros negócios.
Julie, que atualmente passa os dias examinando as propostas de filmes e livros sobre o seu caso, disse recentemente que as trocas de e-mails entre ela e o colega de trabalho “são perfeitamente explicáveis”, como na história do batom na cueca.
Já Sean recolheu-se ao seu antigo anonimato e está enfrentando a ferocidade da ex-patroa, que está ajudando a imprensa (e os advogados) a descobrir os mais sórdidos detalhes do caso.
Julie ainda não decidiu seu futuro profissional, e nem se sabe como ela se entendeu com seu marido. No entanto, a julgar pelo seu passado, e como diria Nelson Rodrigues, seu destino é pecar.

Um cafézinho de R$ 10,86

Você pagaria R$ 1,86 pelo cafezinho? Claro que não. Mas na maior e mais famosa rede de cafeterias do mundo, a Starbucks, cujo nome é baseado nno personagem de "Moby Dick" que bebê café sem parar, é possível. É preço que ninguém recalam. Pelo contrário, aplaude.
A Starbucks é obra de Howard Schultz, que em 1982 tomou um delicioso, cremoso e encorpado café na Stabucks do Pike Place Market, em Seattle, cidade-antena dos EUA que detecta tendências de consumo para o mundo.
Ele ficou impressionado com a atração que a loja pioneira despertava nos clientes, um fervor quase religioso, sensação semelhante ao que sanduíches do trailer dos irmaões McDonalds provocaram no empreendedor Ray Kroc.
Schultz, nascido pobre em Nova York, viu o que poucos viam naqueles anos 80: americanos não fugiam mais do café como o Diabo da cruz, como também começavam a amar aquela bebida nascida na Etiópia, descoberta graças ao pastor que notou a mudança no comportamento de suas cabras após comerem as frutinhas vermelhas.
Boa parte dos 290 milhões de americanos estavam cheios de tomar bebbidas sem gosto e autenticidade. E pior, de pouca qulidade. Exatamente como o site iconoculture.com, a bíblia dos marqueteiros atuais, detectou o mundo quer sabor, autenticidade e produção artesanal.
Schultz, como descreve em sua biografia" criou um modelo que juntava a experiência do Starbucks aos antigos bares italianos que vendem Express".

Aqui na terra como no céu

Brasileiro, mórmom, nove filhos, filho de jornalista, morador do deserto de Utah, David Neelemanestá ligado 24 horas, sete dias por semana, numa tomada de 220 volts. Sua apopéia, erguer uma empresa aérea de US$ 200 milhões que mudou os paradigmas da aviação, está descrita em "Flying High" (Voando Alto), de James Wynfrandt. Confira:
  • Transforme sua fraqueza em diferencial - Portador de hiperatividade, David dorme tarde, acorda cedo, é piloto, comissário, chefe de torcida, fixado em tecnologia, CEO, marqueteiro e ainda é adorado por todos. Tanto na terra como no céu, não fica parado um segundo. Em setembro, o trem de pouso de uma das aeronaves da JetBlue com 140 passageiros, emperrou. O avião ficou três horas gastando combustível para poder aterrissar em segurança. Neeleman comandou tudo pessoalmente.
  • Teste habilidades em empreendimentos menores - Neeleman nasceu para voar, mas tem os pés no chão. Antes de se aventurar, dirigiu a Morris Air, onde aprendeu tudo o que podia sobre a aviação. O sucesso (ficou milionário aos 33anos) deu-lhe força para mergulhar na experiência bem-sucedida da JetBlue.
  • Sem ajuda, ninguém chega lá. O sucesso da Jet Blue está nas pessoas. Todo mundo adora trabalhar lá. Como ex-missionário mórmom nas favelas cariocas, David conheceu gente de todo tipo. Também não é para menos.você pega um vôo JetBlue e de repente ele aparece lá na frente, como microfone na mão, dizendo: " Estamos trabalhando duro para sermos a melhor empresa áérea da América: esperamos que voçes notem a diferença".
  • Tecnologia é tudo - O pulo do gato da JetBlue foi enterrar aquela bíblia que os passageiros recebiam quando compravam passagens aéreas, com informações do vôo, direitos e obrigações. Com o e-ticket, os custos desapareceream e, hoje, basta o passageiro ter o número da reseva para entrar no avião. Esta invenção, combinada com outros fatores gerenciais, fez com que a JetBlue oferecesse passagens 65 % mais baratas.
  • Divirta o povo lá em cima. Uma empresa aérea só ganha dinheiro quando seus aviões estão voando lá no alto, sem estar descendo, subindo ou estcionados nos aeroportos. Para o passageiro, no entanto, esta é a pior parte da viagem. Não há nada para fazer, especialmente para quem detesta ler. JetBlue soube que o pessoal do Air Force One, o avião do presidente dos Estados Unidos, pediu a uma empresa que inventasse um sistema de TV por satélite. Se o presidente quer ver TV lá em cima deduziu David, imagine milhões de passageiros? A empresa foi a primeira oferecer TV individual por satélite (25 canais) nas costas dos assentos. um seucesso.
  • Quem gosta de probreza é intelectual. Povo gosta de conforto. Neeleman ia fechar um leasing de aviões com a Boeing, as a intransigência da empresa de Seattle em não dar desconto fez com que fechasse um negócio deUS$ 3,6 bilhões com a arqui-rival Airbus. Assim, foi possível oferecer mais espaço para as pernas dos passageiros para bagagens. Detalhe: poltronas de couro que só se viam na executiva e na primeira classe. Custam o dobro das de pano, mas duram duas vezes mais.
  • O pior cego é que aquele que não quer ver. Em qual cidade você abriria ma empresa aérea no país mais desenvolvido do mundo, com pelos menos quatro empresas gigantes (todas na bancarrota), competição extremada, milhões de passageiros etc? A JetBlue reparou que o JFK, em Nova York, ficava praticamente às moscas durante o dia, já que jatos intercontinentais trafegam no período noturno. Neelman lançou vôos em horários alternativos no JFK, que fica perto de gente de alto poder aquisitivo que gosta de ter acesso fácil ao aeroporto.
  • Amigo milionário não faz mal a ninguém. Um bom sistema de financiamento de aeroanaves é tão importante qaunto o binômio "pilotos velhos e aeromoças novas" para os passageiros. Desde o primeiro momento, Neelman confiou a Michael Lazarus, fundador da Weston Presidio, uma empresa de capital de risco de São Franscisco, a arrecadação de investimentos. A JetBlue conseguiu quase R$ 300 milhões para decolar, a maior capitalização inicial da história da aviação norte-americana.
  • Cuide bem de quem paga o seu salário (ou se bônus). O sucesso da empresa está baseado em valores como segurança, gentileza, integridade, diversão e paixão. "O objetivo da JetBlue é trazer de volta a humanidade no tratamento dos passageiros". A cartilha de Neelaman ainda inclui admitir erro, atrair atenção, estar preparado para crescer, ter (muito) capital, controlar custos, seguir a paixão, atenção nos detalhes, respeito aos consumidores, cuidar dos empregados e abusar da tecnologia.
  • Seja (na medida do possível) fiel a seu país. Neelman faria sucesso no Brasil? Dificilmente. Aqui falat mercado, tecnologia, investidores e regras que perdurem. Hoje, a JetBlue opera com 280 vôos diários, com 30 destinações em 12 estados norte-americanos. Já é a décima maior empresa aérea do país, com um lucro líquido de R$ 231 milhões em 2004. Recentemente, comprou 101 jatos da brasileira Embraerm com opção de compra de mais 100 em 2016, num valor que pode chegar a R$ 14 bilhões.

Depois do Google

Esqueça Wal-Mart, furações, gripe asiática. O Mundo está sendo revolucionado por uma engenhoca de busca que nos dividirá entre duas eras: antes do Google e depois dele. O prognóstico é de Pedro Augusto Leite Costa, que a partir de hoje, quinzenalmente, assinará neste jornal a crônica "Vida Americana". Na estréia, o poderio do império que fatura US$ 1,2 bilhão e garantiu um Boeing 767 aos fundadores, ainda trintões. Jornalista, Pedro dirige o escritório da Cia. da Informação em Seattle, de onde contará as coisas da economia ícone do planeta.