quinta-feira, 3 de abril de 2008

O BRASIL QUE COMPRAR A AMÉRICA (A COMEÇAR PELOS BRASILEIROS)

Seattle – Sabe-se que desde que Carmem Miranda, a pequena notável, aportou em Hollywood, os brasileiros tentam ganhar a América. Muita gente se deu bem, outros nem tanto, mas todos têm a certeza de que, por pior que seja os Estados Unidos, aqui existem inigualáveis condições para que você trabalhe, ganhe dinheiro, compre uma casa no subúrbio, um carrão na garagem e, o principal, proporcione aos filhos educação.

            A novidade é que esta população de quase 1,2 milhões de habitantes está sendo alvo, agora, da cobiça de empresas brasileiras. Instituições financeiras, como o Banco do Brasil, fizeram pesquisas para conhecer os brazucas. Resultado: criaram um banco só para esta população. A Brex  estudou também onde eles estão aqui e vende Bis, guaraná e outras delícias no chamado mercado étnico. A exemplo de outros países, que estão se aproveitando do dólar baixo e a crise financeira deste império de 14 trilhões de dólares de PIB, o Brasil também está comprando os Estados Unidos, a começar pelos brasileiros.

            A Embaixada aqui, como toda a rede de consulados, já detecta uma elevação da renda deles, bem como uma melhora na auto-estima, mesmo entre os "indocumentados, um eufemismo diplomático para os ilegais (afinal, eles não violaram lei brasileira alguma). Os brazucas não chegam apenas fugindo dos coiotes no deserto do Arizona, mas aportam com visto de entrada, cabeça erguida, para estudar ou trabalhar, e depois vão ficando. Se a imigração pega, não deixam nem recuperar a escova de dentes. Ficam até três meses detidos e depois são expelidos para o Brasil, com passagem paga pelo governo americano.

            Não existem mais pólos migratórios tradicionais, como Governador Valadares na região de Boston. Agora chega gente de Rondônia e Paraná (Ohio) Goiás (Seattle),  e Vale do Paraíba (Utah). A maioria é gente jovem, bem disposta (a quase tudo), sem curso universitário, que enchem as construções, os restaurantes, os salões de beleza, os serviços de acompanhantes ou a velha e tradicional faxina caseira (uma faxina boa mesmo está custando US$ 300,00 por dia). O mais interessante é que, quanto mais ilegal, maior é a vontade de ter filhos. É uma forma dizer “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

            O maior interesse do empresário brasileiro é nas remessas para o Brasil. Outro interesse é no poder empreendedor dos brazucas aqui, que fluentes na língua e adequados à realidade norte-americana, servem de ponte para as empresas brasileiras expandirem negócios. Outro ainda é o mercado com o belo poder aquisitivo que eles representam.  Se ganham pelo menos R$ 4 mil mensais, já estão chegando perto da classe A/B brasileira. Já imaginou isto multiplicado por quase 1,2 milhão de habitantes?

            Por isto é torna-se necessária uma pesquisa sobre os imigrantes brasileiros nos Estados Unidos. Estes dados são preciosos, não só em termos de políticas públicas, através da Embaixada e de outras redes de apoio, mas também para ganhar dinheiro, a saudável prática onde os americanos são imbatíveis.

            Os jornais dizem que muita gente está voltando para o Brasil, desesperançada com a queda do dólar e as condições aqui. Mas sabe-se que os brasileiros ainda chegam aos borbotões, comprando a Direct TV para assistir a Rede Globo, mandando Skypes 24 horas por dia, fazendo churrasco e batucada domingo e, mais do que tudo, sentindo saudades do melhor país do mundo.