quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sarah não sai do inconsciente coletivo


Derrotada nas eleições presidenciais, humilhada por sua ignorância (principalmente geográfica) e ridicularizada pelas posições políticas e religiosas, a governadora do Alasca Sarah Palin não sai do inconsciente coletivo norte-americano desde que juntou-se ao idoso John Mcain na derrotada chapa republicana. "Você pode odiá-la, mas não consegue tirar os olhos dela", resumiu um veterano jornalista da TV.

Desde a derrota, Palin vem sendo mais notícia de que o presidente-eleito Barack Obama. Deu entrevista para o Today, o Bom Dia Brasil daqui, para a sisuda Greta Von Susteren, da Fox News, e para o outro sisudo Wolf Blitzer, da CNN. Em todas, mostrou suas pernas, seu coque dos anos 60, o conjuntinho preto com o broche da bandeira americana e outros dotes, especialmente na cozinha, fazendo caçarola de salmão em sua casa no estado que de abundante só tem gelo.

O que os americanos não dizem, e nem poderiam dizer dado o grau de puritanismo (uma palavra branda para sexo mal resolvido) da sua população, principalmente a masculina, é que o país está tarado pela ex-miss Alasca que acidentalmente entrou na política, uma evangélica que acha que a África é um país ou que a Rússia é vizinha dos Estados Unidos (olhando de cima o globo terrestre, é ou não é?).
Mesmo formada em Comunicações, e sendo uma ex-jornalista de TV, Palin é uma mulher chucra, interiorana, inocente (mesmo do alto dos seus 44 anos), uma mãe de cinco filhos que agora vive seus momentos de glória enfrentando jornalistas marmanjões com olhares lânguidos na TV. Não acredita na evolução da espécie (e nem na fotossíntese, como brincou o comediante Bill Maher, da HBO), é contra o aborto (seu último filho é deficiente mental), é a favor da educação dos jovens para a utilização de armas, apóia a pena de morte e, contra tudo e contra todos, é a favor da exploração de petróleo nas reservas naturais do seu Estado natal.
Algumas feministas ainda tentam defender Sarah Palin, por ser a primeira governadora mulher do Alasca e a segunda candidata presidencial em mais de dois séculos de história norte-americana (a primeira foi a democrata Geraldine Ferraro., que também perdeu a eleição). Mas sua falta de conhecimento, e daí o despreparo para o cargo, é tão grande que, aos poucos, torna-se impossível defendê-la. Apenas assisti-la e torcer para mais uma gafe.
Agora ela aparece monótona e diariamente na TV, mostrando seu corpo bem torneado e suas idéias truncadas para um país sedento por um símbolo sexual na política, algum colírio no intervalo de um noticiário coberto por previsíveis homens de terno e gravata. O país reprimido sexualmente estremece-se agora da mesma forma que cansou de comentar o affair entre o ex-presidente John Kennedy e a atriz Marilyn Monroe. Ou mesmo entre Bill Clinton e a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Ou até do coitado do ex-presidente Jimmy Carter, que confessou ter traído a mulher - mas só em pensamento. Isto mesmo, em pensamento.
Fora pelos seus atributos físicos ninguém entende seu estrondoso sucesso na política. Sexo, como se diz, anda de mãos dadas com o poder. Talvez, com o passar dos anos, esta senhora que saiu do nada reúna as mínimas condições para suceder Barack Obama na Presidência dos Estados Unidos. Determinação e coragem ela já demonstrou ter.

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