sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A gente não quer só comida - a gente quer banda larga também


Seattle - Plugado num Blackberry, no Youtube e outras gusoleimas digitais, Barack Hussein Obama, o primeiro presidente on line dos Estados Unidos, pretende investir US$ 30 bilhões para levar a banda-larga a todos - isto mesmo, todos - os 303 milhões de americanos, estejam eles em Nova York ou em Boys Town, Nebraska, considerada a menor cidade do país, com apenas cinco honrosos habitantes. Obama entende que a chamada conexão de alta velocidade, assunto em que o país está em um humilhante 15° lugar no mundo, é tão importante quanto a paz, o pacote de estímulo de US$ 750 bilhões ou, simplesmente, comida na mesa do trabalhador.
Especialistas têm apenas um vaga idéia do que seria um país totalmente plugado, mas não conseguem imaginar a grandiosidade da revolução que tal estrutura vai provocar em termos de educação, entretenimento, informação e principalmente novos empregos, milhões de empregos. O consenso é que, hoje, a banda-larga é tão importante quanto os carros de Henry Ford nos anos 20, as estradas construídas por Dwight Eisenhower nos anos 50 e a própria infraestrutura de Internet que a dupla Clinton-Gore criou nos anos 90, as chamadas information highways. Só se sabe que a banda-larga é o passaporte para o futuro.
Boa parte dos US$ 30 bilhões que Obama pretende investir vai para incentivos fiscais. Empresas que levem a bandalarga a lugares inóspitos ou de pouco acesso vão ganhar até 60% de tax credits, como se diz por aqui. Outras que aumentarem a velocidade da atual banda podem receber até 40%. Os incentivos, segundo a revista Business Week, estarão disponíveis para qualquer empresa. Mas quem vai ganhar, como se prevê, é quem já está no ramo, como a AT&T, Verizon Communications, Comcast, ou até uma empresa de internet sem fio aqui da região de Seattle, a Clearwire. Pelas suas características, o setor é altamente monopolizado, e vai vencer a parada quem já estiver pronto para fazer o serviço. Depois de oito anos de George W. Bush, a pressa do novo governo, seja ela em qualquer setor, chega aos níveis da extrema ansiedade.
O homem chave de Obama nos setor é um tal de Blair Levin, que não dá entrevista para a imprensa nem sob tortura. Ele lidera um grupo que estuda a possibilidade de incentivos fiscais para quem também utiliza a conexão rápida, como escolas, livrarias e - o problemão de todo mundo comenta -, a redução de custos no setor de saúde. Afinal, durante a campanha, Obama bateu de frente neste setor, insistindo que sua informatização seria a chave para aumentar a produtividade e, desta forma, reduzir os custos para milhões de americanos que pagam US$ 150 dólares por uma consulta ou comprimidos para combater o colesterol. Fala-se também que até os Estados vão receber dinheiro para construir redes de banda-larga para regiões que nunca nem ouviram falar disto. Seria uma extensão do atual programa do Departamento de Agricultura, o Rural Development Broadband Program, que já conectou 600 mil casas em 40 estados desde 2002.
Esta empurrão na banda-larga é importante para a administração de Obama porque pretende resolver um monte de problemas. Além de criar empregos na construção destas redes e ampliar o uso da Internet, o esforço traria os Estados Unidos para um dos primeiros lugares do mundo neste setor, que hoje tem a Dinamarca, a Noruega e Holanda nos primeiros lugares. "A banda-larga é a chave para o nosso futuro", resumiu S. Derek Turner, diretor da Free Press, uma organização independente que estuda o assunto no momento.

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