Em uma jogada de mestre, em plena Copa do Mundo, a Miramax lança na próxima Sexta-feira, em Nova York, o documentário Uma vez na vida: a extraordinária história do New York Cosmos, o time norte-americano de estrelas estrangeiras que, embalado por muito sexo e rock and roll, mudaria em 1977 o negócio do futebol em todo o mundo a partir – quem diria – dos Estados Unidos.
Antes da contratação do já aposentado Pelé por R$ 4,5 milhões, que naquele tempo era um dinheirão, o futebol mundial não conhecia salários astronômicos, cheerleaders fazendo gracinhas no gramado, cobertura maciça da imprensa e, principalmente, o envolvimento da TV como gigantesca ferramenta de marketing.
Até então, o futebol era uma mistura de inocência, representada por Garrincha, cartolagem explícita (a lembrança maior é o treinador Vicente Feola domindo enquanto o Brasil ganhava a Copa de 58) e de muita pelada, num total desprezo pelas regras do show business.
O time dos sonhos, como era chamado na época, entrou com tudo em campo: todo o planejamento de marketing foi feito a partir da TV, os jogadores começaram a ser tratado como estrelas hollywoodianas e os patrocinadores, principalmente empresas de bebidas e artigos esportivos, pularam de cabeça no negócio. Um ensaio do que aconteceria décadas depois. “Trabalhar com o time do Cosmos”, resume um antigo colaborador no documentário, “era como acompanhar uma turnê mundial dos Rolling Stones”.
Os sonhos, no entanto, viraram pesadelos. Por erros da cartolagem (vocês já viram este filme antes...), o time acabou falindo e o negócio quase terminou em pancadaria. O pior de tudo é que o maior objetivo – fazer nascer o futebol nos Estados Unidos – não foi obtido.
Futebol aqui não pega, não dá liga, faz a bola parecer quadrada e os jogadores, pernas-de-pau. O esporte, digamos, está para os americanos assim como o beisebol está para os brasileiros. Os gringos acham o jogo chato, maçante e demorado, e como se não bastasse, pode resultar em 0 a 0. Ninguém se importa, pára de trabalhar ou vai para o boteco comemorar.
Extremamente competitivos, os americanos não entendem com a potência econômica tem de se curvar a um país miserável como, por exemplo, Gana. Quando em todas as Olimpíadas reinaram sem opositores de peso. Mas, como a Copa rende bilhões de telespectadores (e dólares), sempre ficam com a pulga atrás da orelha, como se o Tio Sam tivesse de mandar neste assunto também.
Tudo começou em 1950, quando nossos vizinhos do Norte bateram a armada inglesa em pleno Estádio Independência, em Belo Horizonte, durante aquela trágica Copa do Mundo, um fato tão inusitado que até hoje ninguém entendeu direito.
Desde lá, criou-se uma história recorrente de que os Estados Unidos entendem de futebol – ou soccer, como eles dizem. A partir daí, de décadas em décadas, aparece um aventureiro no ramo. O desbravador foi Steve Ross, da Warner Communications, com o próprio Cosmos. O primeiro jogo, em 1971, contou com apenas 3.746 fãs na torcida. Em 1972, o escrete já ganharia o primeiro campeonato americano.
O mundo ficou embasbacado quando se anunciou que o Cosmos contrataria Pelé, “o mais amado jogador de futebol de todos os tempos” para jogar durante três anos por uma fortuna. Depois de uma noite de farra no Club 21, Pelé foi apresentado a 22.500 fãs que foram ver o Cosmos bater o Toronto por 2 x 0.
No ano de 1977, não se falava em outra coisa a não ser no Cosmos de Nova York ou o “milagre” do futebol nos Estados Unidos. Pelé, que se recusou a ser entrevistado para este documentário, disse recentemente que sua ida para este time fez com que ele ficasse mais de 20 anos por aqui, tornando o futebol “uma realidade no país”.
Pelé pode ser mesmo bom de previsões, como a de que o Brasil não ganharia esta Copa – fato que ficará para a história, assim como aquela frase de que “o brasileiro não sabe votar”. No entanto, no caso do futebol nos Estados Unidos, infelizmente, ele errou feio.
Futebol é uma atividade marginal nos Estados Unidos, nas mãos da criançada e de alguns inocentes fãs que fazem do soccer uma confraria do outro mundo. Não daqui.
Antes da contratação do já aposentado Pelé por R$ 4,5 milhões, que naquele tempo era um dinheirão, o futebol mundial não conhecia salários astronômicos, cheerleaders fazendo gracinhas no gramado, cobertura maciça da imprensa e, principalmente, o envolvimento da TV como gigantesca ferramenta de marketing.
Até então, o futebol era uma mistura de inocência, representada por Garrincha, cartolagem explícita (a lembrança maior é o treinador Vicente Feola domindo enquanto o Brasil ganhava a Copa de 58) e de muita pelada, num total desprezo pelas regras do show business.
O time dos sonhos, como era chamado na época, entrou com tudo em campo: todo o planejamento de marketing foi feito a partir da TV, os jogadores começaram a ser tratado como estrelas hollywoodianas e os patrocinadores, principalmente empresas de bebidas e artigos esportivos, pularam de cabeça no negócio. Um ensaio do que aconteceria décadas depois. “Trabalhar com o time do Cosmos”, resume um antigo colaborador no documentário, “era como acompanhar uma turnê mundial dos Rolling Stones”.
Os sonhos, no entanto, viraram pesadelos. Por erros da cartolagem (vocês já viram este filme antes...), o time acabou falindo e o negócio quase terminou em pancadaria. O pior de tudo é que o maior objetivo – fazer nascer o futebol nos Estados Unidos – não foi obtido.
Futebol aqui não pega, não dá liga, faz a bola parecer quadrada e os jogadores, pernas-de-pau. O esporte, digamos, está para os americanos assim como o beisebol está para os brasileiros. Os gringos acham o jogo chato, maçante e demorado, e como se não bastasse, pode resultar em 0 a 0. Ninguém se importa, pára de trabalhar ou vai para o boteco comemorar.
Extremamente competitivos, os americanos não entendem com a potência econômica tem de se curvar a um país miserável como, por exemplo, Gana. Quando em todas as Olimpíadas reinaram sem opositores de peso. Mas, como a Copa rende bilhões de telespectadores (e dólares), sempre ficam com a pulga atrás da orelha, como se o Tio Sam tivesse de mandar neste assunto também.
Tudo começou em 1950, quando nossos vizinhos do Norte bateram a armada inglesa em pleno Estádio Independência, em Belo Horizonte, durante aquela trágica Copa do Mundo, um fato tão inusitado que até hoje ninguém entendeu direito.
Desde lá, criou-se uma história recorrente de que os Estados Unidos entendem de futebol – ou soccer, como eles dizem. A partir daí, de décadas em décadas, aparece um aventureiro no ramo. O desbravador foi Steve Ross, da Warner Communications, com o próprio Cosmos. O primeiro jogo, em 1971, contou com apenas 3.746 fãs na torcida. Em 1972, o escrete já ganharia o primeiro campeonato americano.
O mundo ficou embasbacado quando se anunciou que o Cosmos contrataria Pelé, “o mais amado jogador de futebol de todos os tempos” para jogar durante três anos por uma fortuna. Depois de uma noite de farra no Club 21, Pelé foi apresentado a 22.500 fãs que foram ver o Cosmos bater o Toronto por 2 x 0.
No ano de 1977, não se falava em outra coisa a não ser no Cosmos de Nova York ou o “milagre” do futebol nos Estados Unidos. Pelé, que se recusou a ser entrevistado para este documentário, disse recentemente que sua ida para este time fez com que ele ficasse mais de 20 anos por aqui, tornando o futebol “uma realidade no país”.
Pelé pode ser mesmo bom de previsões, como a de que o Brasil não ganharia esta Copa – fato que ficará para a história, assim como aquela frase de que “o brasileiro não sabe votar”. No entanto, no caso do futebol nos Estados Unidos, infelizmente, ele errou feio.
Futebol é uma atividade marginal nos Estados Unidos, nas mãos da criançada e de alguns inocentes fãs que fazem do soccer uma confraria do outro mundo. Não daqui.