Se a imprensa acabasse, ou perdesse sua independência, George Bush transformaria o mundo num quintal dos Estados Unidos, Lula e sua camarilha jamais sairiam do Palácio do Planalto e Hugo Chávez... bem, o ditador venezuelano já deu uma mostra do que seria o mundo sem jornais, TVs, rádios que exerçam a liberdade de expressão.
Desde a bolha da internet, o modelo de negócios da imprensa está a perigo porque os anunciantes dispõem de outras dezenas de meios para atingir seu público. Emails, outdoors, TVs, blogs e sites de relacionamento estão drenando o dinheiro que ia para os jornais. Assim, o jornalismo investigativo, o mesmo que extirpou Richard Nixon ou Fernando Collor da presidência, ou descobriu o roubo da Enron ou o escândalo do mensalão, está a perigo.
Mas a sociedade está reagindo. Nos Estados Unidos, anunciou-se na semana passada mais uma organização sem fins lucrativos que, fundada por doações milionárias, tentará suprir a partir de janeiro de 2008 a falta de recursos dos jornais para colocar repórteres nas ruas que descubram as malversações de dinheiro público ou privado.
A Pro Publica, com orçamento de US$ 10 milhões anuais, começará contratando 24 jornalistas em Nova York (e mais dezenas de administradores) para, através de matérias investigativas, distribuir gratuitamente o material entre os grandes jornais, como o The New York Times e o Los Angeles Times.
Depois do Center for Investigative Reporting em San Francisco, e do Pulitzer Center on Crisis Reporting em Washington, é a terceira organização do tipo nos Estados Unidos.
No caso do ProPublica, os financiadores são o casal Herbert M. e Marion O. Sandler, ex-executivos do Golden West Financial Corporation, baseados na Califórnia, que ficaram ricos vendendo o negócio de hipotecas para o Wachovia Corporation por US$ 26 bilhões recentemente. Ficaram com US$ 2.4 bilhões no bolso. Outras fundações também participam do projeto com doações menores.
O casal, já na casa dos 70 anos, é conhecido como os segundos maiores filantropistas dos Estados Unidos em 2006, doando cerca de 1,3 bilhão de dólares ao Sandler Family Suporting Foundation. No passado, eles financiaram pesquisas na área de asma e malária, bem como o tratamento da Doença de Chagas na América do Sul. Os Sandler também doaram recursos para grupos de diretos humanos como o American Civil Liberties Union e o Human Rights Watch.
Eles também são apoiadores do Partido Democrata, o que levanta suspeitas sobre a imparcialidade do novo serviço de notícias. “Mas a página editorial do The Wall Street Journal é também um porta voz da direita nos Estados Unidos”, disse o presidente e editor chefe do novo serviço, Paul E. Steiger, ele mesmo ex-editor do WSJ por dezesseis anos, onde fez a redação ganhar 16 prêmios Pulitzer, o Prêmio Esso dos norte-americanos.
Em entrevista à PBS, a rádio pública norte americana, Steiger adiantou que o sucesso do Pro Publica será medido pelo número de funcionários públicos defenestrados do poder ou de empresas privadas indo para o limbo por escolherem as chamadas práticas não republicanas. O conselho será ocupado por gente de peso, como Henry Louis Gates Jr., professor de Harvard especializada em estudos africanos, Alberto Ibarguen, ex-editor do the Miami Herald, James A. Leach, um ex-congressista do Iowa que dirige o Harvard’s Institute of Politics, e Rebecca Rimel, presidente do CEO do Pew Charitable Trust.
Estes serviços terão que se sobrepor a uma antiga prática dos grandes jornais, que é somente assinar serviços de agências de notícias, ou, nos Estados Unidos, trocar materiais especiais entre si. Mas os especialistas dizem que, com a crise financeira que assola os jornais, o serviço será benvindo.
“Eles estão de olho em alternativas de suporte para um jornalismo ambicioso”, disse Stephen b. Shepard, diretor da Escola de Jornalismo da City University, em Nova York, ao jornal The New York Times. “Paul E. Steiger tem a credibilidade e o discernimento para ter sucesso e, se eles fizerem um bom trabalho, obviamente os jornais aceitarão publicar as matérias”.
A situação ideal, no entanto, é que as três partes envolvidas nesta revolução que atinge a imprensa – público, mídia e anunciantes – cheguem a uma fórmula que garanta a perenidade dos jornais, que muito mais do que as outras mídias servem de fórum para a discussão de novas (e antigas) idéias, uma espécie de hiper ventilação dos canais democráticos que são a base das sociedades mais adiantadas em todo o mundo.
Desde a bolha da internet, o modelo de negócios da imprensa está a perigo porque os anunciantes dispõem de outras dezenas de meios para atingir seu público. Emails, outdoors, TVs, blogs e sites de relacionamento estão drenando o dinheiro que ia para os jornais. Assim, o jornalismo investigativo, o mesmo que extirpou Richard Nixon ou Fernando Collor da presidência, ou descobriu o roubo da Enron ou o escândalo do mensalão, está a perigo.
Mas a sociedade está reagindo. Nos Estados Unidos, anunciou-se na semana passada mais uma organização sem fins lucrativos que, fundada por doações milionárias, tentará suprir a partir de janeiro de 2008 a falta de recursos dos jornais para colocar repórteres nas ruas que descubram as malversações de dinheiro público ou privado.
A Pro Publica, com orçamento de US$ 10 milhões anuais, começará contratando 24 jornalistas em Nova York (e mais dezenas de administradores) para, através de matérias investigativas, distribuir gratuitamente o material entre os grandes jornais, como o The New York Times e o Los Angeles Times.
Depois do Center for Investigative Reporting em San Francisco, e do Pulitzer Center on Crisis Reporting em Washington, é a terceira organização do tipo nos Estados Unidos.
No caso do ProPublica, os financiadores são o casal Herbert M. e Marion O. Sandler, ex-executivos do Golden West Financial Corporation, baseados na Califórnia, que ficaram ricos vendendo o negócio de hipotecas para o Wachovia Corporation por US$ 26 bilhões recentemente. Ficaram com US$ 2.4 bilhões no bolso. Outras fundações também participam do projeto com doações menores.
O casal, já na casa dos 70 anos, é conhecido como os segundos maiores filantropistas dos Estados Unidos em 2006, doando cerca de 1,3 bilhão de dólares ao Sandler Family Suporting Foundation. No passado, eles financiaram pesquisas na área de asma e malária, bem como o tratamento da Doença de Chagas na América do Sul. Os Sandler também doaram recursos para grupos de diretos humanos como o American Civil Liberties Union e o Human Rights Watch.
Eles também são apoiadores do Partido Democrata, o que levanta suspeitas sobre a imparcialidade do novo serviço de notícias. “Mas a página editorial do The Wall Street Journal é também um porta voz da direita nos Estados Unidos”, disse o presidente e editor chefe do novo serviço, Paul E. Steiger, ele mesmo ex-editor do WSJ por dezesseis anos, onde fez a redação ganhar 16 prêmios Pulitzer, o Prêmio Esso dos norte-americanos.
Em entrevista à PBS, a rádio pública norte americana, Steiger adiantou que o sucesso do Pro Publica será medido pelo número de funcionários públicos defenestrados do poder ou de empresas privadas indo para o limbo por escolherem as chamadas práticas não republicanas. O conselho será ocupado por gente de peso, como Henry Louis Gates Jr., professor de Harvard especializada em estudos africanos, Alberto Ibarguen, ex-editor do the Miami Herald, James A. Leach, um ex-congressista do Iowa que dirige o Harvard’s Institute of Politics, e Rebecca Rimel, presidente do CEO do Pew Charitable Trust.
Estes serviços terão que se sobrepor a uma antiga prática dos grandes jornais, que é somente assinar serviços de agências de notícias, ou, nos Estados Unidos, trocar materiais especiais entre si. Mas os especialistas dizem que, com a crise financeira que assola os jornais, o serviço será benvindo.
“Eles estão de olho em alternativas de suporte para um jornalismo ambicioso”, disse Stephen b. Shepard, diretor da Escola de Jornalismo da City University, em Nova York, ao jornal The New York Times. “Paul E. Steiger tem a credibilidade e o discernimento para ter sucesso e, se eles fizerem um bom trabalho, obviamente os jornais aceitarão publicar as matérias”.
A situação ideal, no entanto, é que as três partes envolvidas nesta revolução que atinge a imprensa – público, mídia e anunciantes – cheguem a uma fórmula que garanta a perenidade dos jornais, que muito mais do que as outras mídias servem de fórum para a discussão de novas (e antigas) idéias, uma espécie de hiper ventilação dos canais democráticos que são a base das sociedades mais adiantadas em todo o mundo.