Tanto no best seller “My Stroke of Insight” quanto no vídeo que faz sucesso na internet, Taylor mostra um cérebro (real) cortado ao meio, brinca com a massa marrom-clara e defende, como ninguém, a independência entre as partes esquerda e direita. A direita, diz ela, é a parte do nós, das intuições, das trocas de energias, da felicidade, da expansão da nossa consciência. A esquerda é a parte intelectual, do eu, introvertida, calculista, metódica, linear, é aquele diabinho que nos lembra as contas a pagar, nos põe medo na hora de enfrentar o mundo e que, por isto mesmo, nos faz sofrer. Quando acordou do pesadelo de quatro horas, Taylor, uma loira energética com voz de quem fala e é ouvida, sentiu uma extrema sensação de paz, euforia, como se não houvesse mais problemas no mundo. Humildemente, despediu-se da vida e preparou-se para o que ela chama de “transição”.
Esta transição realmente chegou para a cientista formada e treinada por Harvard, uma das melhores universidades do mundo, mas não através da morte. Como teve de aprender a conviver com apenas metade das 50 milhões de células que harmoniosamente viviam no nosso cérebro – precisamente as da parte direita-, a experiência a levou a mundos que pouca gente conhece. “Vivemos e lutamos entre nós nos ego-caixotes da parte esquerda do cérebro, nos recusando a pensar que um mundo diferente é possível”, diz ela. “A benção que recebi desta experiência é que a paz interior é acessível a qualquer pessoa, em qualquer momento: tudo que temos de fazer é silenciar a voz que domina a parte esquerda”.
Hoje Jill dá a volta ao mundo contanto sua experiência. Mesmo com o sucesso repentino – já chegou a dar entrevista para a apresentadora Oprah Winfrey na TV norte-americana - continua dando aulas na Escola de Medicina da Universidade de Indiana, seu estado natal, e especializou-se na investigação pós morte do cérebro humano. Ela ainda é porta voz da Harvard Brain Tissue Resource Center, e consultora da Midwest Proton Radiotherapy Institute. Agora em maio foi escolhida pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Uma das partes mais fantásticas do vídeo é quando ela conta, em lágrimas, a briga entre partes direita e esquerda do seu cérebro durante as quatro horas de derrame. “Meu lado direito me dava fantásticas sensações de alegria e paz, enquanto que o esquerdo me chamava para a responsabilidade, me dizia: você está sofrendo um derrame, vá ao telefone e grite por socorro”. Após ter tido o seu cérebro danificado, e tendo de recorrer ao seu lado direito, ela pergunta à platéia se a deliberada escolha pelo lado direito pode ser feita por nós no dia-a-dia da vida.