Há exatos 26 anos, o então presidente Ronald Reagan desceu aos jardins da Casa Branca para bater o martelo: se cerca de 13 mil dos 17,5 mil controladores de vôo do Professional Air Traffic Controllers Organization (PATCO) não voltassem ao trabalho em 48 horas, seriam demitidos sumariamente e expulsos para sempre do serviço público.
Dois dias depois, os controladores esperaram que o velho cowboy piscasse, mas o que ocorreu foi surpreendente. Reagan demitiu, com uma só canetada, todos os controladores grevistas e mudou para sempre a história da aviação comercial e do movimento sindical nos Estados Unidos.
O presidente, que segundo se dizia à época não conseguia mascar chiclete e andar ao mesmo tempo, mas tinha consciência de seu poder e sabia utilizá-lo, aproveitou-se de uma lei de 1955 que proibia greves entre funcionários públicos federais, sob pena de multa e um ano de cadeia, para fazer o que fez.
Muitos funcionários de outros setores, como carteiros, já haviam parado. Mas num setor estratégico, responsável pela segurança de milhões de passageiros lá no céu, não se concebia uma paralisação.
Sob a alegação de que seu trabalho é muito estressante, os controlares desde o início de 1981 pediam aumento de US$ 10 mil anuais, redução para quatro dias de trabalho por semana e aposentadoria integral depois de 20 anos de trabalho. Ao todo, suas reivindicações custariam aos cofres do governo cerca de US$ 770 milhões.
A FFA – Federal Aviation Administration contra-ofertou com um pacote de cerca de US$ 40 milhões, que incluía uma semana de trabalho mais curta e 10% de aumento para controladores que trabalham durante a noite, extensivo aos instrutores. Depois de quase sete meses de negociações, 95% deles rejeitaram a contra oferta. Foi o sinal amarelo para que o governo começasse a esboçar um plano de ação.
Apesar dos controladores terem escolhido o período de verão para cruzar os braços, provocando prejuízos de mais de US$ 30 milhões diários a empresas como Braniff, Eastern, American e TWA, que juntas faziam 14 mil vôos comerciais diários carregando mais de 800 mil passageiros – 60% deles em viagens de negócios – e ainda 10 mil toneladas de carga, o plano da FFA funcionou tranquilamente.
Aproximadamente três mil supervisores se juntaram a dois mil fura-greves e cerca de novecentos militares para controlar os principais aeroportos norte-americanos. A Agência também ordenou que as companhias aéreas reduzissem em 50% os vôos durante os horários de pico nos principais aeroportos por questões de segurança. Aproximadamente 60 torres de controle foram programadas para sair do ar até segunda ordem. Mais de 45 mil pessoas registraram-se para ser treinadas e, assim, substituir os grevistas demitidos.
Naturalmente, houve problemas numa situação emergencial como esta. Muita gente perdeu negócios, produtos perecíveis – como, por exemplo, órgãos para transplantes - se estragaram – e as locadoras de automóveis e ferrovias ficaram apinhadas de gente querendo ir de um ponto A para um ponto B.
Os grevistas, através do PATCO, foram à imprensa para falar que, sem eles, os passageiros e todo o sistema aéreo estariam em perigo, mas pouca coisa de ruim aconteceu depois que o tráfego foi reduzido, o monitoramento aumentado e os 33 mil pilotos redobraram a atenção para evitar “chuveiradas de alumínio”, como os controlares chamam os desastres aéreos.
Em pouco tempo, mais de 80% dos vôos estavam operando normalmente, enquanto os vôos de carga permaneceram virtualmente inalterados.
Mesmo vitorioso, o governo, que tinha a população a seu lado, não parou por aí. Pôs muitos grevistas na cadeia e indiciou 75 deles, ao mesmo tempo em que juízes federais impuseram uma multa de US$ 1 milhão por dia ao sindicato grevista, que quase foi varrido do mapa depois de perder a certificação do Federal Labor Relations Authority.
O governo ainda descobriu que poderia controlar os céus com 20% a menos de controladores. Dois anos depois, o setor, que movimentava cerca de US$ 30 bilhões e empregava cerca de 340 mil pessoas já naquela época, tinha aumentado em 6% o movimento de aeronaves.
Reagan hoje deve estar no céu, descansando em paz, com a sensação do dever cumprido depois de ter sido eleito presidente para proteger os cidadãos que, vez por outra, passeiam pelos céus.
Dois dias depois, os controladores esperaram que o velho cowboy piscasse, mas o que ocorreu foi surpreendente. Reagan demitiu, com uma só canetada, todos os controladores grevistas e mudou para sempre a história da aviação comercial e do movimento sindical nos Estados Unidos.
O presidente, que segundo se dizia à época não conseguia mascar chiclete e andar ao mesmo tempo, mas tinha consciência de seu poder e sabia utilizá-lo, aproveitou-se de uma lei de 1955 que proibia greves entre funcionários públicos federais, sob pena de multa e um ano de cadeia, para fazer o que fez.
Muitos funcionários de outros setores, como carteiros, já haviam parado. Mas num setor estratégico, responsável pela segurança de milhões de passageiros lá no céu, não se concebia uma paralisação.
Sob a alegação de que seu trabalho é muito estressante, os controlares desde o início de 1981 pediam aumento de US$ 10 mil anuais, redução para quatro dias de trabalho por semana e aposentadoria integral depois de 20 anos de trabalho. Ao todo, suas reivindicações custariam aos cofres do governo cerca de US$ 770 milhões.
A FFA – Federal Aviation Administration contra-ofertou com um pacote de cerca de US$ 40 milhões, que incluía uma semana de trabalho mais curta e 10% de aumento para controladores que trabalham durante a noite, extensivo aos instrutores. Depois de quase sete meses de negociações, 95% deles rejeitaram a contra oferta. Foi o sinal amarelo para que o governo começasse a esboçar um plano de ação.
Apesar dos controladores terem escolhido o período de verão para cruzar os braços, provocando prejuízos de mais de US$ 30 milhões diários a empresas como Braniff, Eastern, American e TWA, que juntas faziam 14 mil vôos comerciais diários carregando mais de 800 mil passageiros – 60% deles em viagens de negócios – e ainda 10 mil toneladas de carga, o plano da FFA funcionou tranquilamente.
Aproximadamente três mil supervisores se juntaram a dois mil fura-greves e cerca de novecentos militares para controlar os principais aeroportos norte-americanos. A Agência também ordenou que as companhias aéreas reduzissem em 50% os vôos durante os horários de pico nos principais aeroportos por questões de segurança. Aproximadamente 60 torres de controle foram programadas para sair do ar até segunda ordem. Mais de 45 mil pessoas registraram-se para ser treinadas e, assim, substituir os grevistas demitidos.
Naturalmente, houve problemas numa situação emergencial como esta. Muita gente perdeu negócios, produtos perecíveis – como, por exemplo, órgãos para transplantes - se estragaram – e as locadoras de automóveis e ferrovias ficaram apinhadas de gente querendo ir de um ponto A para um ponto B.
Os grevistas, através do PATCO, foram à imprensa para falar que, sem eles, os passageiros e todo o sistema aéreo estariam em perigo, mas pouca coisa de ruim aconteceu depois que o tráfego foi reduzido, o monitoramento aumentado e os 33 mil pilotos redobraram a atenção para evitar “chuveiradas de alumínio”, como os controlares chamam os desastres aéreos.
Em pouco tempo, mais de 80% dos vôos estavam operando normalmente, enquanto os vôos de carga permaneceram virtualmente inalterados.
Mesmo vitorioso, o governo, que tinha a população a seu lado, não parou por aí. Pôs muitos grevistas na cadeia e indiciou 75 deles, ao mesmo tempo em que juízes federais impuseram uma multa de US$ 1 milhão por dia ao sindicato grevista, que quase foi varrido do mapa depois de perder a certificação do Federal Labor Relations Authority.
O governo ainda descobriu que poderia controlar os céus com 20% a menos de controladores. Dois anos depois, o setor, que movimentava cerca de US$ 30 bilhões e empregava cerca de 340 mil pessoas já naquela época, tinha aumentado em 6% o movimento de aeronaves.
Reagan hoje deve estar no céu, descansando em paz, com a sensação do dever cumprido depois de ter sido eleito presidente para proteger os cidadãos que, vez por outra, passeiam pelos céus.
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