A eleição na semana passada do advogado de Seattle William Neukom como presidente da poderosa American Bar Association, uma espécie de OAB dos Estados Unidos, está sendo vista aqui como o coroamento de uma profissão que, embora cercada de criticismo, está fazendo a fortuna de muita gente e hoje é uma das carreiras mais desejadas no mundo ocidental.
Gravata borboleta e cabelos grisalhos, o novo presidente da ABA, sócio do pai de Bill Gates (K&L Gates) e filantropo, fez fortuna trabalhando como advogado da Microsoft durante 25 anos. Neste quarto de século, construiu as trincheiras para que a empresa resistisse às acusações de monopólio, plágio ou qualquer destes petardos contra quem lidera (ou monopoliza) o mercado.
Com discurso tranqüilo e infalível de quem está ao lado da lei (vale à pena ver a posse na internet) Newkom não falou das fortunas que os advogados estão embolsando. Político, criticou as recentes leis que limitam a privacidade dos americanos e a demissão de nove procuradores que não rezavam na mesma cartilha republicana do presidente.
Newkom representa uma associação de mais de 400 mil advogados norte-americanos, a maior de todo o mundo, que, nos últimos tempos, tornou-se (mesmo a contragosto, pois advogado gosta de ser conhecido como homem das leis e não como empresário) óleo da engrenagem capitalista. Aqui, advogado é tão fundamental quanto médico, embora as receitas por vezes não garantam ficar livre do encarceramento e da perda dos bens.
País do litígio, onde a maioria dos filmes termina em julgamento e onde se assina contrato até para serviços de encanador, os Estados Unidos possuem um exército de meio milhão de advogados que brotam do chão ao mínimo sinal de que você, sua empresa ou seu animal de estimação provocou dano em alguém – ou vice-versa.
Aqui não existem rígidos limites impostos pelas ordens dos advogados para o marketing da profissão. As sociedades de advogados investem milhões de dólares em anúncios de 30 segundos em rede nacionais de TV (“você tem alguma doença relacionada com telhas de amianto?) ou em outdoors nas auto-entradas ( “se você se sente lesado em qualquer coisa que seja ligue para 0800-LAWYER”). A própria American Bar Association coloca em seu site manuais de marketing para advogados.
Boa parte deste exército, no entanto, é composta de soldados rasos – advogados que ganham cerca de US$ 54 por hora, ou em média US$ 113,6 mil por ano, segundo o Department of Labour, o equivalente ao nosso Ministério do Trabalho. Mas se você trabalhar duro, seguir as regras e pagar os impostos, como diz o mantra do capitalismo norte-americano, pode cobrar bem mais.
Na semana passada, por exemplo, foi quebrado um tabu que rondava esta profissão abraçada por 25 dos 43 presidentes norte-americanos até hoje: a hora dos advogados top ultrapassou US$ 1 mil, o que garantiu a primeira página do The Wall Street Journal para uma turma de profissionais relutantes em confirmar as faturas de quatro dígitos. Mesmo a contragosto, pelo menos três sociedades de advogados confirmaram os números: Simpson Thacher & Barlett, Cadwalader, Wickersham & Taft, e Fried , Frank, Harris, Shriver & Jacobson LLP, as três de Nova York.
Nos Estados Unidos ganhar bem não é motivo de vergonha – pelo contrário, se você ganha bem é porque vale quanto pesa. Mesmo assim, o mais famoso advogado americano, David Boies, da Boies, Schiller & Flexner LLP, (“a litigation powerhouse”) ponderou: “É um pouco difícil imaginar qualquer pessoa que não salve vidas valer este dinheiro”. Outro advogado novaiorquinho, que preferiu não se identificar, foi mais direto: “nós advogados relutamos muito tempo em ultrapassar a barreira dos mil dólares porque achamos que nossos clientes simplesmente vomitariam”.
Entre os grandes escritórios de advocacia, a hora trabalhada pelos advogados vinha subindo em média de 6 a 7% anualmente desde o ano 2000 até chegar ao máximo de mil dólares atuais, embora às vezes possam ser incluídas “taxas de sucesso” que elevam os rendimentos dos attorneys a níveis estratosféricos.
“Mil dólares por hora tem um significado simbólico”, diz Robert Rosenberg, da Latham & Watkins LLP. “Como o ano 2000, é apenas um número”. E é mesmo. Quem acompanha a economia americana se assusta com aquisições (ou prejuízos) de dezenas de bilhões de dólares. “Se um jogador de beisebol chega a ganhar 15 mil dólares por hora, é razoável que advogados de renome que resolvem problemas complexos cheguem a ganhar mil dólares por hora”, diz Mike Dillon, advogado da Sun Microsystems.
Gravata borboleta e cabelos grisalhos, o novo presidente da ABA, sócio do pai de Bill Gates (K&L Gates) e filantropo, fez fortuna trabalhando como advogado da Microsoft durante 25 anos. Neste quarto de século, construiu as trincheiras para que a empresa resistisse às acusações de monopólio, plágio ou qualquer destes petardos contra quem lidera (ou monopoliza) o mercado.
Com discurso tranqüilo e infalível de quem está ao lado da lei (vale à pena ver a posse na internet) Newkom não falou das fortunas que os advogados estão embolsando. Político, criticou as recentes leis que limitam a privacidade dos americanos e a demissão de nove procuradores que não rezavam na mesma cartilha republicana do presidente.
Newkom representa uma associação de mais de 400 mil advogados norte-americanos, a maior de todo o mundo, que, nos últimos tempos, tornou-se (mesmo a contragosto, pois advogado gosta de ser conhecido como homem das leis e não como empresário) óleo da engrenagem capitalista. Aqui, advogado é tão fundamental quanto médico, embora as receitas por vezes não garantam ficar livre do encarceramento e da perda dos bens.
País do litígio, onde a maioria dos filmes termina em julgamento e onde se assina contrato até para serviços de encanador, os Estados Unidos possuem um exército de meio milhão de advogados que brotam do chão ao mínimo sinal de que você, sua empresa ou seu animal de estimação provocou dano em alguém – ou vice-versa.
Aqui não existem rígidos limites impostos pelas ordens dos advogados para o marketing da profissão. As sociedades de advogados investem milhões de dólares em anúncios de 30 segundos em rede nacionais de TV (“você tem alguma doença relacionada com telhas de amianto?) ou em outdoors nas auto-entradas ( “se você se sente lesado em qualquer coisa que seja ligue para 0800-LAWYER”). A própria American Bar Association coloca em seu site manuais de marketing para advogados.
Boa parte deste exército, no entanto, é composta de soldados rasos – advogados que ganham cerca de US$ 54 por hora, ou em média US$ 113,6 mil por ano, segundo o Department of Labour, o equivalente ao nosso Ministério do Trabalho. Mas se você trabalhar duro, seguir as regras e pagar os impostos, como diz o mantra do capitalismo norte-americano, pode cobrar bem mais.
Na semana passada, por exemplo, foi quebrado um tabu que rondava esta profissão abraçada por 25 dos 43 presidentes norte-americanos até hoje: a hora dos advogados top ultrapassou US$ 1 mil, o que garantiu a primeira página do The Wall Street Journal para uma turma de profissionais relutantes em confirmar as faturas de quatro dígitos. Mesmo a contragosto, pelo menos três sociedades de advogados confirmaram os números: Simpson Thacher & Barlett, Cadwalader, Wickersham & Taft, e Fried , Frank, Harris, Shriver & Jacobson LLP, as três de Nova York.
Nos Estados Unidos ganhar bem não é motivo de vergonha – pelo contrário, se você ganha bem é porque vale quanto pesa. Mesmo assim, o mais famoso advogado americano, David Boies, da Boies, Schiller & Flexner LLP, (“a litigation powerhouse”) ponderou: “É um pouco difícil imaginar qualquer pessoa que não salve vidas valer este dinheiro”. Outro advogado novaiorquinho, que preferiu não se identificar, foi mais direto: “nós advogados relutamos muito tempo em ultrapassar a barreira dos mil dólares porque achamos que nossos clientes simplesmente vomitariam”.
Entre os grandes escritórios de advocacia, a hora trabalhada pelos advogados vinha subindo em média de 6 a 7% anualmente desde o ano 2000 até chegar ao máximo de mil dólares atuais, embora às vezes possam ser incluídas “taxas de sucesso” que elevam os rendimentos dos attorneys a níveis estratosféricos.
“Mil dólares por hora tem um significado simbólico”, diz Robert Rosenberg, da Latham & Watkins LLP. “Como o ano 2000, é apenas um número”. E é mesmo. Quem acompanha a economia americana se assusta com aquisições (ou prejuízos) de dezenas de bilhões de dólares. “Se um jogador de beisebol chega a ganhar 15 mil dólares por hora, é razoável que advogados de renome que resolvem problemas complexos cheguem a ganhar mil dólares por hora”, diz Mike Dillon, advogado da Sun Microsystems.
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