Agora que o Brasil acordou e inaugura hoje uma missão de 50 empresários à Costa Oeste americana, sob o comando do empresário Roberto Giannetti da Fonseca, da Fiesp, é chegada a hora de lutarmos para que a Varig ou outra companhia aérea de bandeira brasileira volte a fazer um vôo que fez sucesso de 1968 a 2001.
O Varig São Paulo-Los Angeles-Tóquio, primeiro através do DC-10, depois com o Jumbo 747 e finalmente com o MD-11, levou milhões de brasileiros para a capital japonesa, com uma providencial escala em Los Angeles. O vôo, que durava cerca de 12 horas, dependendo do vento, gastava muito combustível e exigia duas tripulações de cabine se revezando.
Começando no final da noite em São Paulo, a viagem atravessava a Amazônia, percorria o árido território mexicano e aterrissava em Los Angeles. Para nós a Varig era uma espécie de embaixada brasileira na Costa Oeste americana. “Estamos aqui, queremos fazer negócios, estamos trazendo empresários e turistas”, era a mensagem subliminar.
Um pouco diferente de hoje, as aeromoças eram jovens e bonitas, os pilotos velhos e experientes, o serviço de bordo era reconhecidamente o melhor do mundo: talheres de prata, uma variada seleção de vinhos, patê de foie gras na entrada e bombons na sobremesa. Até o pessoal da classe econômica era tratado como ser humano.
Dava prejuízo? Dava. No início não, mas com o tempo o Brasil fez um dos seus maiores erros históricos: esquecer aos poucos a Costa Oeste norte-americana, uma potência formada da Califórnia até o Alaska que vale pelo menos cinco vezes o PIB brasileiro. A corrida se dirigiu para a Costa Leste, onde quase dois milhões de brasileiros, grande parte ilegais, se amontoou.
Agora é diferente. Com a ajuda dos consulados brasileiros em Los Angeles e San Francisco, os empresários brasileiros estão fazendo de tudo para reconquistar a Costa Oeste, e daqui conquistar os países asiáticos, pois estas cidades, além de Seattle, são a porta para o Pacífico.
Nosso empresários pagam, no entanto, pela tortura da viagem de São Paulo até aqui, passando por Dallas ou Houston no Texas, ou Atlanta, na Geórgia, o que em outras palavras significa duplicar as horas de vôo entre os dois países.
Sai-se à noite do Brasil, chega-se no meio dos Estados Unidos nas primeiras horas da madrugada e pousa-se aqui quase cinco horas depois, enfrentando às vezes seis horas de fuso horário. Os brasileiros surgem aqui tresnoitados, atordoados e muitas vezes perdidos, sem energia para fazer negócios com Bill Gates ou passear na Disneylândia.
O pior é o transporte de carga. Sabe-se que o forte do tráfego aéreo é pago pela carga, acondicionada em imensos vãos um andar abaixo dos passageiros, ou em aviões especialmente desenhados para isto, os chamados cargos. Muitos dos produtos que estados como Califórnia, Oregon e Washington compram do Brasil são perecíveis, e não resistem às escalas atuais.
Por não ter linhas diretas regulares de passageiros ou de carga, ou mesmo por ser bem distante do Brasil, o frete vai ficando caro para a Costa Oeste, quando comparado a portos mais próximos. Mas os Estados Unidos, é só olhar no mapa, estão ainda mais perto do que a China, o Japão, a Europa e a África, e são os maiores compradores do planeta, inclusive do Brasil.
Só no ano passado compraram US$ 24,4 bilhões de nós, dos quais US$ 3,5 bilhões beneficiados pela isenção de impostos de importação. Muito pouco para um país que compra US$ 1,72 trilhão (isto mesmo, quase dois trilhões) de produtos e serviços de todo o mundo, dos quais apenas 1,3% originários do Brasil. Pagam em dólar, são organizados e eficientes e sempre demandam inovação e preços baixos, as bases do capitalismo eficiente.
Hoje em dia muitos brasileiros criticam os Estados Unidos por diferentes razões, desde o Governo Bush, a guerra no Iraque ou mesmo pela arrogância no trato dos negócios estrangeiros. Apesar das idas e vindas, Brasil e Estados Unidos têm histórias parecidas, com diferentes níveis de sucesso. De Carmem Miranda a Sônia Braga, de Pelé a Gisele Bündchen, somos queridos pelos nossos irmãos do norte.
Nossa língua portuguesa soa como música nos ouvidos dos gringos, nossas belezas naturais são reconhecidas e celebradas aqui. Fazemos etanol e aviões. Somos um povo afável, bonito, brincalhão, bom de fazer negócios. Só falta um avião.
O Varig São Paulo-Los Angeles-Tóquio, primeiro através do DC-10, depois com o Jumbo 747 e finalmente com o MD-11, levou milhões de brasileiros para a capital japonesa, com uma providencial escala em Los Angeles. O vôo, que durava cerca de 12 horas, dependendo do vento, gastava muito combustível e exigia duas tripulações de cabine se revezando.
Começando no final da noite em São Paulo, a viagem atravessava a Amazônia, percorria o árido território mexicano e aterrissava em Los Angeles. Para nós a Varig era uma espécie de embaixada brasileira na Costa Oeste americana. “Estamos aqui, queremos fazer negócios, estamos trazendo empresários e turistas”, era a mensagem subliminar.
Um pouco diferente de hoje, as aeromoças eram jovens e bonitas, os pilotos velhos e experientes, o serviço de bordo era reconhecidamente o melhor do mundo: talheres de prata, uma variada seleção de vinhos, patê de foie gras na entrada e bombons na sobremesa. Até o pessoal da classe econômica era tratado como ser humano.
Dava prejuízo? Dava. No início não, mas com o tempo o Brasil fez um dos seus maiores erros históricos: esquecer aos poucos a Costa Oeste norte-americana, uma potência formada da Califórnia até o Alaska que vale pelo menos cinco vezes o PIB brasileiro. A corrida se dirigiu para a Costa Leste, onde quase dois milhões de brasileiros, grande parte ilegais, se amontoou.
Agora é diferente. Com a ajuda dos consulados brasileiros em Los Angeles e San Francisco, os empresários brasileiros estão fazendo de tudo para reconquistar a Costa Oeste, e daqui conquistar os países asiáticos, pois estas cidades, além de Seattle, são a porta para o Pacífico.
Nosso empresários pagam, no entanto, pela tortura da viagem de São Paulo até aqui, passando por Dallas ou Houston no Texas, ou Atlanta, na Geórgia, o que em outras palavras significa duplicar as horas de vôo entre os dois países.
Sai-se à noite do Brasil, chega-se no meio dos Estados Unidos nas primeiras horas da madrugada e pousa-se aqui quase cinco horas depois, enfrentando às vezes seis horas de fuso horário. Os brasileiros surgem aqui tresnoitados, atordoados e muitas vezes perdidos, sem energia para fazer negócios com Bill Gates ou passear na Disneylândia.
O pior é o transporte de carga. Sabe-se que o forte do tráfego aéreo é pago pela carga, acondicionada em imensos vãos um andar abaixo dos passageiros, ou em aviões especialmente desenhados para isto, os chamados cargos. Muitos dos produtos que estados como Califórnia, Oregon e Washington compram do Brasil são perecíveis, e não resistem às escalas atuais.
Por não ter linhas diretas regulares de passageiros ou de carga, ou mesmo por ser bem distante do Brasil, o frete vai ficando caro para a Costa Oeste, quando comparado a portos mais próximos. Mas os Estados Unidos, é só olhar no mapa, estão ainda mais perto do que a China, o Japão, a Europa e a África, e são os maiores compradores do planeta, inclusive do Brasil.
Só no ano passado compraram US$ 24,4 bilhões de nós, dos quais US$ 3,5 bilhões beneficiados pela isenção de impostos de importação. Muito pouco para um país que compra US$ 1,72 trilhão (isto mesmo, quase dois trilhões) de produtos e serviços de todo o mundo, dos quais apenas 1,3% originários do Brasil. Pagam em dólar, são organizados e eficientes e sempre demandam inovação e preços baixos, as bases do capitalismo eficiente.
Hoje em dia muitos brasileiros criticam os Estados Unidos por diferentes razões, desde o Governo Bush, a guerra no Iraque ou mesmo pela arrogância no trato dos negócios estrangeiros. Apesar das idas e vindas, Brasil e Estados Unidos têm histórias parecidas, com diferentes níveis de sucesso. De Carmem Miranda a Sônia Braga, de Pelé a Gisele Bündchen, somos queridos pelos nossos irmãos do norte.
Nossa língua portuguesa soa como música nos ouvidos dos gringos, nossas belezas naturais são reconhecidas e celebradas aqui. Fazemos etanol e aviões. Somos um povo afável, bonito, brincalhão, bom de fazer negócios. Só falta um avião.
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