Seattle - As eleições de 2008 têm um grande vencedor. É o Youtube, o site controlado pelo Google que, hoje, é a maior ferramenta de panfletagem (e de reflexão) política em todo o mundo. Acredita-se que, dos 200 mil vídeos postados todos os dias, cerca de 35% sejam de cunho político, disponíveis 24 por dia, 365 dias por ano. Juntos, os vídeos que envolvem Barack Obama e John McCain já receberam cerca de 100 milhões de visitas. A maioria deles são curtos e extremamente bem produzidos, parecidos com comerciais, geralmente feitos pelas campanhas por cima ou por debaixo do pano. O vídeo de maior sucesso, no entanto, é o que ridiculariza a candidata Sarah Palin, candidata à vice-presidente pelo Partido Republicano, especialmente as engraçadíssimas caricaturas feitas no programa Saturday Night Live, da NBC. Do lado de Obama, possivelmente o futuro presidente dos Estados Unidos, o mais assistido é o seu já famoso discurso sobre a questão do racismo, um catatau de 37 minutos já visto 6 milhões de vezes.
Por que este sucesso todo? Em primeiro lugar, segundo o Politico.com, o site vem roubando audiência da TV da mesma forma que a TV roubou os públicos das rádios e jornais desde a campanha do republicano e herói de guerra Dwight Eisenhower em 1960. Aliás, tudo que a TV produziu em seu 60 anos de história é o equivalente a apenas seis meses de Youtube. Só em julho último, segundo uma pesquisa da Universidade do Kansas, aproximadamente 91 milhões de internautas assistiram a 5 bilhoes de vídeos no site. Em segundo, o Youtube está mais presente na política do que promessa de candidato. O Pew Research Center diz que 35 milhões de americanos já assistiram vídeos on line relacionados com política. Num país de quase 400 milhões de habitantes, nunca houve tanta gente politizada e, melhor ainda, com vontade de colaborar.
Em terceiro lugar, o Youtube é uma fantástica ferramenta política. Candidatos e simpatizantes colocam milhares de vídeos todos os dias, mesmo antes de acabar os eventos, na tentativa de chamar a atenção do eleitorado, sem interferência de um jornalista metidinho qualquer que descontextualize a mensagem do candidato. E, para o bem ou para o mal, o vídeo fica ali para sempre, virando fonte de referência caso você tenha perdido a ocasião. Dependendo do tanto de gente que os assiste, as campanhas têm à mão a resposta imediata do eleitorado, também para o bem ou para o mal. Quem perde são as empresas de pesquisa.
O Youtube é a estrela da Web 2.0, uma revolução colaborativa na Internet que está mudando o mundo, com importantes reflexos na política. Ao lado deste site, Facebook, Twitter, MySpace (e até o Orkut no Brasil) são ferramentas de um fenômeno muito maior que ultrapassa os conceitos políticos tal qual os conhecemos. O povo, ou os internautas, não querem mais apenas votar. Querem participar do processo político, também terem seus 15 minutos de fama, mudar o mundo através das teclas do computador. Fora Barack Obama, poucos políticos perceberam que a Web 2.0 está mudando mundo. Em 2008 estamos vendo apenas uma gota de um oceano que, em breve, vai mudar (para o bem) como lidamos com o mais importante ato de nossas vidas: o voto.
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