A exemplo de todos nós, não se sabe quando o comandante Fidel Alejandro Castro Ruz partirá desta para melhor, mas se um dia ele vier a faltar, como gostava de ameaçar o saudoso Roberto Marinho à equipe, prevê-se tragédia de proporções maremóticas nas 90 milhas infestadas de tubarões que separam a ilha comunista de Cuba e as reacionárias praias de Miami.
Fidel está negociando com a morte e está se saindo bem. Mesmo assim, a guarda costeira dos Estados Unidos voltou a promover na semana passada a operação coordenada pelo Homeland Security Department, com 325 agentes em treinamento para eventual fuga em massa da ilha. Algo em torno de meio milhão de cubanos, estimam.
Pouca gente se dá conta de que, com a regularidade das ondas, ainda aportam nas praias de Miami homens, mulheres, crianças cubanas, os balseros, tema do documentário homônimo que faz sucesso nos EUA sobre a fuga de mais de 50 mil cubanos em meados da década passada, o que obrigou o então presidente Clinton a devolvê-los à terra natal pela Base de Guantánamo, território norte-americano no outro extremo da ilha.
Nada que se equipare à diáspora de quase 124 mil hermanos que fugiram em 1980 pelo Porto de Mariel (homenagem à neta do escritor Ernest Hemingway, ex-morador) em improvisadas barcaças feitas de restos de madeira, painéis de zinco, câmaras pneumáticas e lençóis no papel de velas, muitos deles devorados por tubarões.
Tudo isso não aconteceria caso o governo americano, rendido pelos votos da comunidade cubana da Flórida, suspendesse o embargo econômico e financeiro imposto à ilha desde 1962 para forçar a volta da democracia a um país com um PIB de US$ 40 bilhões, tão vital para o comércio internacional como o Largo da Batata em São Paulo o é para o Cone Sul.
Bastasse que os empresários norte-americanos fossem liberados para instalar milhares de McDonald’s, Starbucks e Citibanks em Cuba, irrigando as veias da economia, que a modorrenta ditadura castrista iria para os ares transformando a ilha em um dos principais destinos de turismo do mundo, em especial o crescente turismo de negócios.
No entanto, como se a paciência dos cubanos fosse infinita, com suas filhas PHD mergulhando na prostituição e os filhos dourando-se em Engenharia Naval num país com muito mar mas sem navios, ficam Fidel Castro, de um lado, e sucessivos americanos, de outro, esquentando o que sobrou da Guerra Fria.
Castro, figura de museu que já passou por dez presidentes norte-americanos e que nos seus melhores anos tentou mudar o dia do Natal para não atrapalhar a safra de cana, viveu até agora levantando seu povo contra uma ameaça que não existe mais – o imperialismo norte-americano, figura de linguagem que esconde o senso comum: lutar por uma vida melhor que inclua, como dizem os balseros no documentário, um carro, uma casa e uma boa mulher.
Outros ditadores, como o filhinho-de-papai Kim Jong-il da Coréia do Norte, ou o sóbrio persa Ahmadinejad, do Irã, ou este inexplicável e fora de moda furacão venezuelano Hugo Chaves escolhem o imperialismo americano como inimigo público número um, e unem seu povo e se perpetuam no poder contra uma pretensa ameaça externa.
É por isto que Estados Unidos e Cuba, como irmãos que brigam há mais de 40 anos e jamais voltaram a se falar, vivem inalterados em suas posições, pois assim Fidel (ou seu irmão Raúl) se inoculam no poder e a comunidade da Flórida tem alguém com quem brigar. Afinal, a pior coisa que pode acontecer com os cubanos-americanos é terem de abandonar os EUA e voltar a uma ilha destruída por quase meio século de comunismo.
Assistindo ao documentário Balseros, vêm à tona milhares de histórias de famílias partidas, amores desfeitos, bens desapropriados, um turbilhão de desagregação social com pitadas de salsa, rumba, e muito charuto. Imagens da opulência norte-americana, país “demasiado perfeito” para os latinos, entremeadas com as favelas de Cuba, carros caindo aos pedaços, gente descalça morena, quase sem roupa, mas, como no Brasil, sorridente e feliz.
Fidel está negociando com a morte e está se saindo bem. Mesmo assim, a guarda costeira dos Estados Unidos voltou a promover na semana passada a operação coordenada pelo Homeland Security Department, com 325 agentes em treinamento para eventual fuga em massa da ilha. Algo em torno de meio milhão de cubanos, estimam.
Pouca gente se dá conta de que, com a regularidade das ondas, ainda aportam nas praias de Miami homens, mulheres, crianças cubanas, os balseros, tema do documentário homônimo que faz sucesso nos EUA sobre a fuga de mais de 50 mil cubanos em meados da década passada, o que obrigou o então presidente Clinton a devolvê-los à terra natal pela Base de Guantánamo, território norte-americano no outro extremo da ilha.
Nada que se equipare à diáspora de quase 124 mil hermanos que fugiram em 1980 pelo Porto de Mariel (homenagem à neta do escritor Ernest Hemingway, ex-morador) em improvisadas barcaças feitas de restos de madeira, painéis de zinco, câmaras pneumáticas e lençóis no papel de velas, muitos deles devorados por tubarões.
Tudo isso não aconteceria caso o governo americano, rendido pelos votos da comunidade cubana da Flórida, suspendesse o embargo econômico e financeiro imposto à ilha desde 1962 para forçar a volta da democracia a um país com um PIB de US$ 40 bilhões, tão vital para o comércio internacional como o Largo da Batata em São Paulo o é para o Cone Sul.
Bastasse que os empresários norte-americanos fossem liberados para instalar milhares de McDonald’s, Starbucks e Citibanks em Cuba, irrigando as veias da economia, que a modorrenta ditadura castrista iria para os ares transformando a ilha em um dos principais destinos de turismo do mundo, em especial o crescente turismo de negócios.
No entanto, como se a paciência dos cubanos fosse infinita, com suas filhas PHD mergulhando na prostituição e os filhos dourando-se em Engenharia Naval num país com muito mar mas sem navios, ficam Fidel Castro, de um lado, e sucessivos americanos, de outro, esquentando o que sobrou da Guerra Fria.
Castro, figura de museu que já passou por dez presidentes norte-americanos e que nos seus melhores anos tentou mudar o dia do Natal para não atrapalhar a safra de cana, viveu até agora levantando seu povo contra uma ameaça que não existe mais – o imperialismo norte-americano, figura de linguagem que esconde o senso comum: lutar por uma vida melhor que inclua, como dizem os balseros no documentário, um carro, uma casa e uma boa mulher.
Outros ditadores, como o filhinho-de-papai Kim Jong-il da Coréia do Norte, ou o sóbrio persa Ahmadinejad, do Irã, ou este inexplicável e fora de moda furacão venezuelano Hugo Chaves escolhem o imperialismo americano como inimigo público número um, e unem seu povo e se perpetuam no poder contra uma pretensa ameaça externa.
É por isto que Estados Unidos e Cuba, como irmãos que brigam há mais de 40 anos e jamais voltaram a se falar, vivem inalterados em suas posições, pois assim Fidel (ou seu irmão Raúl) se inoculam no poder e a comunidade da Flórida tem alguém com quem brigar. Afinal, a pior coisa que pode acontecer com os cubanos-americanos é terem de abandonar os EUA e voltar a uma ilha destruída por quase meio século de comunismo.
Assistindo ao documentário Balseros, vêm à tona milhares de histórias de famílias partidas, amores desfeitos, bens desapropriados, um turbilhão de desagregação social com pitadas de salsa, rumba, e muito charuto. Imagens da opulência norte-americana, país “demasiado perfeito” para os latinos, entremeadas com as favelas de Cuba, carros caindo aos pedaços, gente descalça morena, quase sem roupa, mas, como no Brasil, sorridente e feliz.
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