Depois de levar a primeira surra de sua vida, chegando em terceiro lugar no caucus de Iowa, a senadora Hillary Rodham Clinton, 60 anos, reuniu outras madames num café em New Hampshire e, entre cappuccinos e croissants, assustou a audiência quando, com voz embargada, quase chorou. De mulher para mulher, e de frente para as câmeras, desabou diante do cansaço, da pressão e da solidão da agitada campanha presidencial norte-americana.
Não deu outra. A esposa de Bill Clinton, favorita nacionalmente, mas ainda rejeitada por metade dos americanos, mostrou seu lado mulher (coisa que se recusava a fazer na campanha) e, assim, reverteu o quadro, qanhando de virada as primárias do Estado, à frente dos outros democratas Barack Obama e John Edwards. O choro ganhou um editorial no The New York Times assinado pela feminista Gloria Steinem.
Até hoje, depois de mais de dois séculos de independência, nenhuma mulher chegou perto de ocupar o Salão Oval da Casa Branca. A cadeira de presidente, como todos sabem, é quente: dá dores de cabeça, noites mal dormidas, pressões de todos os lados e muitas rugas. Repare nas fotos dos presidentes no decorrer dos mandatos. O tempo não faz bem a eles.
Hillary, se chegar lá, vai ter de provar que uma mulher sabe governar os Estados Unidos, pois, como diz Steinem, aqui o racismo de gênero sexual é maior do que o racial. Ou seja, terá de ser um boa presidente, “apesar de ser mulher”.
Hillary (ou qualquer outro candidato) vai encontrar um governo decadente, as finanças em frangalhos, uma guerra impopular e um partido Democrata dividido, embora (ainda) tenha maioria no Congresso. Vai ter que capturar Osama Bin Laden, fazer o papel de xerife do mundo, viver sob proteção do serviço secreto 24 horas por dia e, mesmo assim, estar bem vestida, maquiada e com o cabelo armado.
Ter receio de uma presidente mulher soa estranho num país onde as mulheres simplesmente mandam. Independentes, já são maioria da força de trabalho, ganham mais do que os homens, invadem as universidades e têm vida econômica própria, sem ter que depender de qualquer outra figura masculina.
Mas o fato é que os Estados Unidos (e a maioria dos países) nunca tiveram uma presidente mulher. Ao ver Hillary à beira de um ataque de nervos na TV, os americanos temeram que, ante outros aborrecimentos (e como presidentes os têm), qual seria sua reação? Reagir? Acomodar-se? Rir? Chorar? Afinal, diz Freud, o que se passa na cabeça de uma mulher?
Hillary ainda tem 48 Estados (onde serão realizadas primárias) para testar suas emoções. Ela tem o maior caixa de campanha (quase US$ 100 milhões), uma estrutura espetacularmente profissional, o apoio do chamado establishment, a força dos eleitores de Nova York, onde já é senadora por dois mandatos, e o ombro do melhor e maior cabo eleitoral que se pode ter, o ex-presidente Bill Clinton, popular e querido não só nos Estados Unidos como em praticamente em todo o mundo.
Hillary é inteligente, rica, bem sucedida como advogada, experiente na Casa Branca, onde passou oito anos ao lado do marido, um potencial de abrir uma nova frente para as mulheres a partir de seu exemplo e, como escreveu Gloria Steinem, ainda leva uma vantagem: não precisará provar sua masculinidade. E poderá, se quiser, chorar.
Não deu outra. A esposa de Bill Clinton, favorita nacionalmente, mas ainda rejeitada por metade dos americanos, mostrou seu lado mulher (coisa que se recusava a fazer na campanha) e, assim, reverteu o quadro, qanhando de virada as primárias do Estado, à frente dos outros democratas Barack Obama e John Edwards. O choro ganhou um editorial no The New York Times assinado pela feminista Gloria Steinem.
Até hoje, depois de mais de dois séculos de independência, nenhuma mulher chegou perto de ocupar o Salão Oval da Casa Branca. A cadeira de presidente, como todos sabem, é quente: dá dores de cabeça, noites mal dormidas, pressões de todos os lados e muitas rugas. Repare nas fotos dos presidentes no decorrer dos mandatos. O tempo não faz bem a eles.
Hillary, se chegar lá, vai ter de provar que uma mulher sabe governar os Estados Unidos, pois, como diz Steinem, aqui o racismo de gênero sexual é maior do que o racial. Ou seja, terá de ser um boa presidente, “apesar de ser mulher”.
Hillary (ou qualquer outro candidato) vai encontrar um governo decadente, as finanças em frangalhos, uma guerra impopular e um partido Democrata dividido, embora (ainda) tenha maioria no Congresso. Vai ter que capturar Osama Bin Laden, fazer o papel de xerife do mundo, viver sob proteção do serviço secreto 24 horas por dia e, mesmo assim, estar bem vestida, maquiada e com o cabelo armado.
Ter receio de uma presidente mulher soa estranho num país onde as mulheres simplesmente mandam. Independentes, já são maioria da força de trabalho, ganham mais do que os homens, invadem as universidades e têm vida econômica própria, sem ter que depender de qualquer outra figura masculina.
Mas o fato é que os Estados Unidos (e a maioria dos países) nunca tiveram uma presidente mulher. Ao ver Hillary à beira de um ataque de nervos na TV, os americanos temeram que, ante outros aborrecimentos (e como presidentes os têm), qual seria sua reação? Reagir? Acomodar-se? Rir? Chorar? Afinal, diz Freud, o que se passa na cabeça de uma mulher?
Hillary ainda tem 48 Estados (onde serão realizadas primárias) para testar suas emoções. Ela tem o maior caixa de campanha (quase US$ 100 milhões), uma estrutura espetacularmente profissional, o apoio do chamado establishment, a força dos eleitores de Nova York, onde já é senadora por dois mandatos, e o ombro do melhor e maior cabo eleitoral que se pode ter, o ex-presidente Bill Clinton, popular e querido não só nos Estados Unidos como em praticamente em todo o mundo.
Hillary é inteligente, rica, bem sucedida como advogada, experiente na Casa Branca, onde passou oito anos ao lado do marido, um potencial de abrir uma nova frente para as mulheres a partir de seu exemplo e, como escreveu Gloria Steinem, ainda leva uma vantagem: não precisará provar sua masculinidade. E poderá, se quiser, chorar.
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