Tem gente que acha que, depois da queda do Muro de Berlim, ser de direita ou de esquerda perdeu relevância no mundo. Mas não para William F. Buckley Jr., o jornalista, empresário, pintor, escritor, tocador de espineta, velejador, ou, na falta de outros adjetivos, padrinho do novo conservadorismo americano. Este polêmico (e bem nascido) renascentista foi encontrado morto em seu escritório semana passada, em Connecticut, vítima de complicações com enfisema e diabetes, aos 82 anos.
Buckley tinha muitos defeitos, menos o medo de ser de direita. À frente da National Review, a revista fundada em 1951 e favorita dos republicanos, especialmente do ex-presidente Ronald Reagan, o jornalista, que assinava WFB ao final dos artigos, tornou-se uma espécie de reserva moral, ideólogo e porta voz dos conservadores, um tipo de gente discreta e abastada que prefere o silêncio dos subúrbios às luzes da mídia.
Ele não só defendia os pilares republicanos, como a responsabilidade fiscal, o respeito à propriedade privada, o império da lei e o respeito às tradições, mas também ultrapassou as barricadas e começou a atacar a esquerda, ou os liberais, como se diz por aqui, segundo ele um bando de indulgentes preguiçosos que sofrem de uma disjunção histórica.
Filho de um barão do petróleo, Buckley revelou outros defeitos ao longo de seus artigos, 55 livros e dezenas de novelas de espionagem, entre eles um incompreensível anti-semitismo e uma recomendação para que os aidéticos fossem tatuados a fim de que fossem reconhecidos e não transmitissem o vírus a pessoas sãs. Escrevia de maneira complicada, cheio de hipérboles e palavras que ninguém conhece, e falava sempre em tom ácido, aristocrático, com algum sotaque britânico – só para irritar a audiência.
Ou não só a audiência: durante um debate transmitido pela TV em 1968, durante a convenção do Partido Democrata, em Chicago, o escritor Gore Vidal o chamou de “pro-crypto nazista”, no que Buckley revidou: “escute, seu veado, pare de me chamar de crypto-nazista ou eu vou te dar uma porrada na cara”. Tempos depois, na Esquire Magazine, ambos trocaram artigos sobre a briga. O de Buckley se chamava “Experimentando Gore Vidal”, enquanto o de Gore Vidal era “Um Encontro Detestável com Willian Buckley Jr.”.
A julgar pela cobertura da imprensa durante sua morte, páginas inteiras no The New York Times e no The Wall Street Journal, bem como reportagens nas grandes redes de TV, Buckley ficou famoso por levar o conservadorismo às massas através dos programas de entrevistas que participou, Firing Line, transmitido pela PBS. Mostrava-se impecavelmente de terno e gravada, com fleuma, erudição, reunidos num conservadorismo inteligente que às vezes caía para o lado do fino humor. Mesmo sem entender muitas das palavras, o publico gostava de ver suas expressões faciais, gestos e perguntas indiscretas aos entrevistados. Chegou a bater o Ibope do 60 Minutes, uma espécie de Fantástico aqui.
Com sua morte, os conservadores, já debilitados pelo desastre do governo George W. Bush, ficam ainda mais desamparados. John Mccain, o herói do Vietnã candidato presidencial dos republicanos, não passa em nenhum teste para testar seu alegado DNA da direta.
Buckley tinha muitos defeitos, menos o medo de ser de direita. À frente da National Review, a revista fundada em 1951 e favorita dos republicanos, especialmente do ex-presidente Ronald Reagan, o jornalista, que assinava WFB ao final dos artigos, tornou-se uma espécie de reserva moral, ideólogo e porta voz dos conservadores, um tipo de gente discreta e abastada que prefere o silêncio dos subúrbios às luzes da mídia.
Ele não só defendia os pilares republicanos, como a responsabilidade fiscal, o respeito à propriedade privada, o império da lei e o respeito às tradições, mas também ultrapassou as barricadas e começou a atacar a esquerda, ou os liberais, como se diz por aqui, segundo ele um bando de indulgentes preguiçosos que sofrem de uma disjunção histórica.
Filho de um barão do petróleo, Buckley revelou outros defeitos ao longo de seus artigos, 55 livros e dezenas de novelas de espionagem, entre eles um incompreensível anti-semitismo e uma recomendação para que os aidéticos fossem tatuados a fim de que fossem reconhecidos e não transmitissem o vírus a pessoas sãs. Escrevia de maneira complicada, cheio de hipérboles e palavras que ninguém conhece, e falava sempre em tom ácido, aristocrático, com algum sotaque britânico – só para irritar a audiência.
Ou não só a audiência: durante um debate transmitido pela TV em 1968, durante a convenção do Partido Democrata, em Chicago, o escritor Gore Vidal o chamou de “pro-crypto nazista”, no que Buckley revidou: “escute, seu veado, pare de me chamar de crypto-nazista ou eu vou te dar uma porrada na cara”. Tempos depois, na Esquire Magazine, ambos trocaram artigos sobre a briga. O de Buckley se chamava “Experimentando Gore Vidal”, enquanto o de Gore Vidal era “Um Encontro Detestável com Willian Buckley Jr.”.
A julgar pela cobertura da imprensa durante sua morte, páginas inteiras no The New York Times e no The Wall Street Journal, bem como reportagens nas grandes redes de TV, Buckley ficou famoso por levar o conservadorismo às massas através dos programas de entrevistas que participou, Firing Line, transmitido pela PBS. Mostrava-se impecavelmente de terno e gravada, com fleuma, erudição, reunidos num conservadorismo inteligente que às vezes caía para o lado do fino humor. Mesmo sem entender muitas das palavras, o publico gostava de ver suas expressões faciais, gestos e perguntas indiscretas aos entrevistados. Chegou a bater o Ibope do 60 Minutes, uma espécie de Fantástico aqui.
Com sua morte, os conservadores, já debilitados pelo desastre do governo George W. Bush, ficam ainda mais desamparados. John Mccain, o herói do Vietnã candidato presidencial dos republicanos, não passa em nenhum teste para testar seu alegado DNA da direta.
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