quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A última flor da dinastia Kennedy


Para quem não a conhece, ela é aquela menininha que bate continência ante a passagem do túmulo do pai, o democrata John Kennedy, nos fazendo chorar nos repetitivos filmes que, há quarenta anos, passam na TV americana sobre o assassinato de um dos mais importantes presidentes norte-americanos, em 1963. Caroline Bouvier Kennedy, advogada (mas também ex-jornalista, ex-museóloga e autora de livros patrióticos), hoje uma respeitável e milionária mãe de família, quer ser agora Senadora pelo Estado de Nova York, vaga ocupada por Hillary Clinton, hoje futura secretária de Estado de Barack Obama.
Caroline, que levou seu trôpego tio Bob (está com câncer) a subir o pódio para apoiar Obama ("he's a lifetime candidate"), encantou-se pela política e agora parece ser imbatível para o cargo. Não só na preferência do atual governador de Nova York, David Paterson, o deficiente visual que substituiu Eliot Spitzer, pego em flagrante com uma prostituta e obrigado a renunciar - como também do Partido Democrata, da mídia e, principalmente, dos doadores da campanha.
Caroline passou por muitas tragédias. Viu, pela ordem, seu irmão Patrick não resistir a dois meses de vida, seu pai ser assassinado em Dallas, Texas, sua mãe sucumbir ao câncer, e o mais novo, John-John, morrer depois que seu Teco-Teco desabou no Atlântico. Aos 51 anos, mãe de três filhos, casada com um designer de museu, tímida, baixinha, voz raquítica, a moça é a ultima remanescente do que se convencionou chamar de "família real" norte-americana.
Sua grande tacada foi escrever um editorial no The New York Times , com o título "Um presidente como o meu pai", em Janeiro deste ano, ato que foi a gota dágua para os eleitores esquecerem Hillary Clinton e optarem pelo negro que viria ser o presidente do Estados Unidos. No jornal, ele pontificou: "Eu nunca tive um presidente que me inspirasse do mesmo jeito que as pessoas dizem que meu pai as inspirou - pela primeira vez, (...) encontrei um homem que poderia ser este tipo de presidente, não só para mim, mas para as novas gerações de norte-americanos". Seu endosso caiu como uma bomba nos comitês dos outros candidatos, pois o poder de fogo de um Kennedy é irresistível nas hostes do Partido Democrata.
Herdeira da fortuna dos Kennedy, que incluiu uma penthouse na East Side de Nova York e uma vila no balneário de Martha's Vineyard, Caroline, mineiramente, contribuiu com a campanha de Obama, mas também com a de Clinton durante as prévias do Partido Democrata. Sua candidatura ao Senado (nos Estados Unidos, quando o cargo fica vago, como agora, o substituto é apontado pelo governador do Estado), é apoiada pelo atual prefeito da cidade, Michael Bloomberg, como também pelo The New York Times.
Milhares de livros, documentários, séries e filmes já foram feitos para desvendar o mistério da morte do seu pai, e principalmente a atração que esta família irlandesa de católicos exerce sobre o eleitorado norte-americano. Se eleita, Caroline vai servir ainda dois anos do mandato de Hillary Clinton, e provavelmente fará campanha para ficar mais seis anos no cargo. Ao todo, e se ela for eleita, os Kennedy terão um representante no Senado durante contínuos 68 anos. E, quem sabe, uma futura presidente Kennedy na Casa Branca.

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