quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O Rambo Pitbull de Barack Obama


Já ia escrevendo um artigo explicando porque Barack Obama pode ser um desastre como presidente - inexperiente, joguete nas mãos das elites, síndico de outro desastre, George W. Bush - quando surge uma esperança: a primeira escolha do eleito, o deputado Rahm Emanuel (para chefe de gabinete) , o político pitbull, mais conhecido como "Rahmbo", "algo intermediário entre as hemorróidas e uma terrível dor de dente" - como dizem seus detratores -, o homem que esteve por trás da fantástica vitória dos democratas em 2006 e que culminou com a eleição do primeiro presidente negro americano.

Se Obama representa o equilíbrio, a turma do deixa disso, nem negro, nem branco, nem asiático, nem africano, Rahm é o oposto: é o cowboy chamado para impor ordem no faroeste sem lei. Direto, brusco, é judeu praticante, já foi triatleta, tem 1m78cm de altura, nove dedos nas mãos (fruto de uma infecção que quase o matou), pele tostada (como a dos beduínos) e uma energia sem limites, que combina eficiência e eficácia. É um temido gerentão, CEO, executor ou, simplesmente, um trator.

Um dos principais fundraisers dos democratas e deputado pelo distrito de Chicago (mesmo de Barack), Rahm liga às quatro da tarde pedindo dinheiro, novamente às 4h15min para ver se o dinheiro já foi transferido e às 4h30min para agradecer - e pedir mais. Não é à toa que Obama teve o dinheiro que quis durante a campanha.

Amado e odiado, pela esquerda e pela direta, é um dos homens mais ricos do Congresso. Levantou (para si) US$ 18 milhões em bônus em dois anos e meio, quando trabalhou para o banco Dresdner Kleinwort Wasserstein, em Chicago.

Com seu estilo determinado, incansável e nervoso, impôs a eficiência e a disciplina empresarial à então confusa e difusa minoria democrata. Na Casa Branca, provavelmente trará a mesma disciplina a um governo que deve US$ 10,3 trilhões e tem um déficit anual perto dos US$ 500 bilhões.

Rahm tem a fé que remove montanhas não apenas por mérito. Parece que nasceu assim, como seus pais e irmãos. Filho de um médico israelita que imigrou para os Estados Unidos, já serviu no Exército israelense como mecânico na fronteira com o Líbano.

O irmão mais novo, Ari Emanuel, um dos mais proeminentes agentes artísticos de Hollywood, divide com ele o estilo "bateu-levou-deixa-que-eu-chuto". O mais velho, Ezekiel, é um famoso oncologista nos Estados Unidos e tido como um dos maiores apologistas na defesa da ética na Medicina.

Rahm formou-se em dança e tem diploma de Comunicação. Ganhou notoriedade quando, há dois anos, percorreu o país para lançar o livro "O Plano - Grande Idéias para a América".

Seu ídolo é Bill Clinton, com quem atuou seis anos na Casa Branca e chegou a substituir o ex-porta-voz George Stephanopoulos como conselheiro sênior na área de política e estratégia.

Para Rahm, política se faz com dinheiro - se tiver boas idéias e nobres ideais, melhor ainda. Se não tiver, azar de quem estiver pela frente. Sendo um pitbull de Barack Obama, a Casa Branca, enfim, vai funcionar.

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