quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Microsoft corre para a terceira idade


Há quatro anos a Microsoft, cujo quartel general e aqui, enrosca-se numa luta para destruir o Google e outras empresas que, com menos recursos mas com mais inteligência e juventude, dominam a Internet. Com 21 bilhões de dólares em caixa, provenientes da renda do paquidérmico Windows e do Office, a empresa criou o Online Services Business, que reúne o portal MSN, a agência de publicidade on line aQuantive, e o Live Search para enfrentar a concorrência. Resultado? Acaba de perder meio bilhão de dólares no último quadrimestre, 80% a mais comparado ao mesmo período no ano passado.
Sempre que visito o campus da empresa, uma espécie de Disneylândia da tecnologia, faço a óbvia pergunta: o que vai acontecer com vocês se continuarem a insistir em vender softwares embutidos em PCs e Laptops, e não mergulharem de vez na web? Todos se ajeitam na cadeira, pigarreiam e desconversam, como se eu estivesse vendendo apólice de seguro de vida.
A verdade é que a empresa que aprendemos a admirar, mas que hoje está para a Internet assim como a General Motors está para a indústria automobilística, degladia-se internamente para buscar o seu lugar no futuro. Tem dinheiro, cabeças pensantes, gente estimulada mas, como uma Venezuela que se deitou na piscina do petróleo, tenta mas não consegue dar um passo na Internet quando tem recursos entrando em caixa todos os dias - e por um bom tempo ainda.
A empresa nasceu com a idéia de "um computado em cada casa, rodando um software Microsoft", mas não contava com uma idéia mais genial, de que software é commodity que pode ser encontrado e utilizado na rede. Quando, como e onde você estiver. E de graça. Pior ainda, não contava (e ninguém contava) com outra novidade, a pesquisa (não basta aparecer, você tem de ser é achado) , que hoje é pedra fundamental não só da internet, mas de boa parte do marketing.
Sem saber para onde ir, especialmente desde que Bill Gates optou pela filantropia e deixou o Steve Ballmer gritando sozinho no salão, a Microsoft hoje é uma cidade dentro de Redmond, perto de Seattle, com interesses tão distintos que tentam abraçar o mundo de uma vez só, desde a saúde até a geologística, num premeditado projeto de onipresença. Está certo que ela ganha dinheiro em vários setores (US$ 9 bilhões de faturamento no ano passado), especialmente empresariais, compra dezenas de outras empresas, é uma fantástica usina de gênios, mas está certo também que a firma rasga dinheiro como nunca e, como qualquer um de nós, está envelhecendo.
Qualquer usuário hoje sabe que a simplicidade é o Deus nos negócios na Internet. O Google ("apenas uma firma de publicidade", segundo os funcionários da Microsoft) é assim. Seu logo, sua webpage, as novas facilidades que apresenta a cada dia (e que passam imediatamente a fazer parte das nossas vidas) são tão óbvios que fazem a gente pensar: por que eu não inventei isto antes? Tudo que sobe desce, diz o ditado. A Microsoft, a empresa que fez, faz e ainda fará por algum tempo parte das nossas vidas, tende a complicar-se ainda mais e perder o fio da história. Hoje é um gigante de cabelos brancos que, naturalmente, vai dar lugar em breve às próximas gerações.

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