Durante initerruptos 44 anos, Daniel Irvin Rather, Jr., ou Dan Rather, o maior jornalista norte-americano de todos os tempos ao lado de Edward R. Murrow – aquele do filme Boa Noite, Boa Sorte - foi, como se dizia no extinto Repórter Esso, “testemunha ocular da história”.
Na CBS, tornou-se o primeiro repórter de TV a anunciar o estouro da cabeça de John Kennedy numa esquina da Dallas, Texas, atingido pelo projétil de Lee Oswald. Bateu boca, em pleno ar, com dois presidentes, Richard Nixon e George Bush, o pai. No Afeganistão, travestiu-se de terrorista do Jihad para transmitir a guerra com a União Soviética.
Premiadíssimo por incontáveis Emmys and Peaboys, o Oscar do jornalismo, inventou, quase por acaso, a cobertura do tempo com mapas e radares. Ganhava US$ 22 milhões por ano para ser o âncora do CBS News e, com sua voz de barítono texano, encerrar o jornal com o bordão “isto é parte do nosso mundo esta noite”.
Um belo dia, porém, Dan Rather pisou na bola. Em 2004, durante a campanha presidencial, sustentou em pleno ar (e para mais de sete milhões de telespectadores) que a CBS tinha documentos comprobatórios de que o presidente George Bush, o filho, tinha usado a influência da família para evitar ser enviado ao Vietnã.
Depois de uma intensa campanha dos blogs, alimentada pelos seus defensores republicanos de Bush, que descobriram que o documento era falso por usar tipografia de micro-computador (equipamento que não existia na década de 70), Rather ainda sustentou por algumas semanas a autenticidade dos documentos. Ao final, sem provas verdadeiras, foi obrigado a se retratar e pedir desculpas ao presidente.
Paralisada pelo encândalo, e sofrendo pressões econômicas e políticas, a CBS demitiu os quatro produtores envolvidos na reportagem, enquanto Rather simplesmente definhou-se no ar perdendo os créditos de toda uma fantástica vida profissional, até se demitir em 9 de março do ano passado, quando foi substituído pelo também texado Bob Schieffer e, depois, pela simpática Katia Couric, ex-NBC, no mês passado.
Rather até hoje não engoliu o que fizeram com ele na CBS. Sucessor do âncora Walter Conkite, que não largava a cadeira do estúdio por nada, arriscou sua vida presenciando boa parte dos conflitos - armados ou não - das ultimas décadas. Esteve na Guerra do Iraque, em Watergate, nos atentados de 11 de Setembro de 2001 e até no Vietnã.
Durante as duas décadas que apresentou o jornal da noite na emissora, o jornalista deixou uma legiao de detratores e defensores entre os americanos. Para a esquerda, ele é culto, corajososo, trabalhador, agressivamente honesto e, acima de tudo, um porta-voz da verdade.
Para a direita, é um anti-conservador, anti-empresarial, anti-autoridadade – seja ela quem for – e, o pior, anti-americano – um dos maiores pecados que se pode cometer por aqui.
Excesso de confiança, vontade de desafiar o poder, irresponsabilidade, correria na apuração dos fatos– o episódio dos documentos falsos contra o presidente George Bush, que ficou conhecido como Rathergate, até hoje lança dúvidas na opinião pública.
A tragédia jornalística, no entanto, praticamente destruiu a carreira do repórter de 75 anos, já nos últimos minutos do segundo tempo. A virtude pela qual lutou toda uma vida, a verdade, foi vilipendiada de uma hora para outra, roubando-lhe seu patrimônio essencial, a confiança dos telespectadores.
Em sua recém-lançada biografia, Estrela Solitária, escrita pelo ex-produtor Alan Weismann, e recém lançada nos Estados Unidos, Rather diz que, mesmo com a pisada de bola, não se lembra um dia sequer de sua vida que tenha se arrependido de ser repórter.
Quem faz, erra. Quem não faz, já errou – diz o provérbio. Embora corajoso, destemido, um homem de poucos sorrisos, Rather acabou para o jornalismo. No próximo dia 24, no entanto, inaugura um programa semanal chamado “Dan Rahter Reports”, num canal fechado para tv à cabo de altadefinição, a HDNet.
Esta mancha, porém, não o largará jamais.
Na CBS, tornou-se o primeiro repórter de TV a anunciar o estouro da cabeça de John Kennedy numa esquina da Dallas, Texas, atingido pelo projétil de Lee Oswald. Bateu boca, em pleno ar, com dois presidentes, Richard Nixon e George Bush, o pai. No Afeganistão, travestiu-se de terrorista do Jihad para transmitir a guerra com a União Soviética.
Premiadíssimo por incontáveis Emmys and Peaboys, o Oscar do jornalismo, inventou, quase por acaso, a cobertura do tempo com mapas e radares. Ganhava US$ 22 milhões por ano para ser o âncora do CBS News e, com sua voz de barítono texano, encerrar o jornal com o bordão “isto é parte do nosso mundo esta noite”.
Um belo dia, porém, Dan Rather pisou na bola. Em 2004, durante a campanha presidencial, sustentou em pleno ar (e para mais de sete milhões de telespectadores) que a CBS tinha documentos comprobatórios de que o presidente George Bush, o filho, tinha usado a influência da família para evitar ser enviado ao Vietnã.
Depois de uma intensa campanha dos blogs, alimentada pelos seus defensores republicanos de Bush, que descobriram que o documento era falso por usar tipografia de micro-computador (equipamento que não existia na década de 70), Rather ainda sustentou por algumas semanas a autenticidade dos documentos. Ao final, sem provas verdadeiras, foi obrigado a se retratar e pedir desculpas ao presidente.
Paralisada pelo encândalo, e sofrendo pressões econômicas e políticas, a CBS demitiu os quatro produtores envolvidos na reportagem, enquanto Rather simplesmente definhou-se no ar perdendo os créditos de toda uma fantástica vida profissional, até se demitir em 9 de março do ano passado, quando foi substituído pelo também texado Bob Schieffer e, depois, pela simpática Katia Couric, ex-NBC, no mês passado.
Rather até hoje não engoliu o que fizeram com ele na CBS. Sucessor do âncora Walter Conkite, que não largava a cadeira do estúdio por nada, arriscou sua vida presenciando boa parte dos conflitos - armados ou não - das ultimas décadas. Esteve na Guerra do Iraque, em Watergate, nos atentados de 11 de Setembro de 2001 e até no Vietnã.
Durante as duas décadas que apresentou o jornal da noite na emissora, o jornalista deixou uma legiao de detratores e defensores entre os americanos. Para a esquerda, ele é culto, corajososo, trabalhador, agressivamente honesto e, acima de tudo, um porta-voz da verdade.
Para a direita, é um anti-conservador, anti-empresarial, anti-autoridadade – seja ela quem for – e, o pior, anti-americano – um dos maiores pecados que se pode cometer por aqui.
Excesso de confiança, vontade de desafiar o poder, irresponsabilidade, correria na apuração dos fatos– o episódio dos documentos falsos contra o presidente George Bush, que ficou conhecido como Rathergate, até hoje lança dúvidas na opinião pública.
A tragédia jornalística, no entanto, praticamente destruiu a carreira do repórter de 75 anos, já nos últimos minutos do segundo tempo. A virtude pela qual lutou toda uma vida, a verdade, foi vilipendiada de uma hora para outra, roubando-lhe seu patrimônio essencial, a confiança dos telespectadores.
Em sua recém-lançada biografia, Estrela Solitária, escrita pelo ex-produtor Alan Weismann, e recém lançada nos Estados Unidos, Rather diz que, mesmo com a pisada de bola, não se lembra um dia sequer de sua vida que tenha se arrependido de ser repórter.
Quem faz, erra. Quem não faz, já errou – diz o provérbio. Embora corajoso, destemido, um homem de poucos sorrisos, Rather acabou para o jornalismo. No próximo dia 24, no entanto, inaugura um programa semanal chamado “Dan Rahter Reports”, num canal fechado para tv à cabo de altadefinição, a HDNet.
Esta mancha, porém, não o largará jamais.
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