Exibido em cadeia nacional de TV domingo pela CBS, durante o programa 60 Minutos, a história do britânico Daniel Paul Tammet, 27 anos, apaixonou os americanos.
Tammet é um dos 40 seres humanos conhecidos como sábios autístas: foi presenteado pela natureza com uma descomunal capacidade matemática, memória sequencial e, como se não bastasse, aptidão para línguas. Qualquer uma delas. Aprendeu o islandês, conhecido como um dos idiomas mais complicados do mundo, em apenas uma semana.
Submetido a um teste no Museu da História da Ciência, em Oxford, na Inglaterra, patrocinado pela Sociedade Nacional de Epilepsia, Tammet recitou sem errar uma só vez boa parte da sequência da letra Pi (3,14159.......) usada para calcular a circunferência. Lembrou de exatos 22 mil 514 números em cinco horas. “Os números são meu amigos. Eles nunca mudam. Assim, são confiáveis”, diz.
Daniel acaba de lançar sua biografia, Born on a Blue Day. Foi tema do documentário inglês Brainman, numa alusão a Rainman, estrelado por Dustin Hoffman e ganhador dos Oscars de melhor filme, ator, direção e roteiro original em 1988. Não fuma, não bebe e não atende convites para prever números de loterias ou coisas afins.
O que mais impressiona os cientistas, no entanto, é que ele não é um sábio autista, na acepção da palavra. Por ser apenas mais um de nove filhos, ele teve de aprender a se virar neste mundo. Foi educado numa família onde, como se diz lá em Minas, filho chora e mãe não escuta. “Tive de me virar”, diz. Daniel não tem sinais do que se chama de deficiência mental, como também é capaz de descrever boa parte do que se passa na sua cabeça.
Por exemplo, números. Ele evita ir à praia para não cair na compulsão de contas os grãos de area, e vê cada número como uma forma e uma cor diferente, um dos tipos da correlação conhecida como sinestesia. 289, por exemplo, “é um número horrível”, enquanto 333 é “maravilhoso, redondo e....gorducho”. “Cada número tem uma forma, uma textura e uma sensação diferentes - e eu vejo os resultados dos cálculos como paisagens na minha mente”, diz ele.
Daniel fala inglês, francês, finlandês, alemão, espanhol, lituano, estoniano, islandês e, porque não, esperanto, a língua universal. Ele também está criando uma nova linguagem, o Manti, uma mistura de finlandês com estoniano.
Tanta capacidade de expressão, em diferentes idiomas, está apaixonado os cientistas, que o consideram um elo perdido para decifrar por que a natureza é capaz de produzir célebros assim. Daniel teve seguidos (e fortes) ataques de epilepsia aos quatro anos, o que deve ter contribuído, segundo seus médicos, para o desenvolvimento destas habilidades.
Uma das possibilidades é que, a partir destes ataques, outras partes do cérebro venham funcionando de forma anormal ou subnormal, diz o médico V. S. Ramachandran, Centro de Estudos do Célebro da Califórnia, o que leva Daniel a alocar os “recursos de atenção” para a parte remanescente. “Há muita evidência clínica disto, pois muitos pacientes que sofreram derrame descobrem talentos artísticos repentinamente”, diz.
Apesar de ter seu próprio negócio na área educacional, ou de dar palestras motivacionais para outros garotos autistas, Daniel fica ansioso quando fica perto de muitas pessoas, ou ouve muito barulho. Esta ansiedade faz com que ele fique a maior parte do tempo dentro de casa. Não dirige, raramente vai às compras, e conta milimetricamente o cereal que toma com leite de manhã: 45 gramas. Nem mais, nem menos.
Ao final da entrevista como veterano repórter Morley Safer, dos 60 Minutos, Daniel abre o coração: “uma hora depois de acabarmos (esta entrevista), eu não me lembrarei como você se parece. E eu vou encontrar dificuldade para reconhecer você, se eu o vir novamente. Eu me lembrarei do seu lenço, de quantos botões seu paletó tem na manga – apenas detalhes”, diz.
E finalmente: “O número Pi é uma das mais belas coisas em todo o mundo....se eu puder dividir a alegria dos números com as pessoas através dos meus escritos e da minha fala, então eu sentirei que fiz alguma coisa útil nesta vida”.
Tammet é um dos 40 seres humanos conhecidos como sábios autístas: foi presenteado pela natureza com uma descomunal capacidade matemática, memória sequencial e, como se não bastasse, aptidão para línguas. Qualquer uma delas. Aprendeu o islandês, conhecido como um dos idiomas mais complicados do mundo, em apenas uma semana.
Submetido a um teste no Museu da História da Ciência, em Oxford, na Inglaterra, patrocinado pela Sociedade Nacional de Epilepsia, Tammet recitou sem errar uma só vez boa parte da sequência da letra Pi (3,14159.......) usada para calcular a circunferência. Lembrou de exatos 22 mil 514 números em cinco horas. “Os números são meu amigos. Eles nunca mudam. Assim, são confiáveis”, diz.
Daniel acaba de lançar sua biografia, Born on a Blue Day. Foi tema do documentário inglês Brainman, numa alusão a Rainman, estrelado por Dustin Hoffman e ganhador dos Oscars de melhor filme, ator, direção e roteiro original em 1988. Não fuma, não bebe e não atende convites para prever números de loterias ou coisas afins.
O que mais impressiona os cientistas, no entanto, é que ele não é um sábio autista, na acepção da palavra. Por ser apenas mais um de nove filhos, ele teve de aprender a se virar neste mundo. Foi educado numa família onde, como se diz lá em Minas, filho chora e mãe não escuta. “Tive de me virar”, diz. Daniel não tem sinais do que se chama de deficiência mental, como também é capaz de descrever boa parte do que se passa na sua cabeça.
Por exemplo, números. Ele evita ir à praia para não cair na compulsão de contas os grãos de area, e vê cada número como uma forma e uma cor diferente, um dos tipos da correlação conhecida como sinestesia. 289, por exemplo, “é um número horrível”, enquanto 333 é “maravilhoso, redondo e....gorducho”. “Cada número tem uma forma, uma textura e uma sensação diferentes - e eu vejo os resultados dos cálculos como paisagens na minha mente”, diz ele.
Daniel fala inglês, francês, finlandês, alemão, espanhol, lituano, estoniano, islandês e, porque não, esperanto, a língua universal. Ele também está criando uma nova linguagem, o Manti, uma mistura de finlandês com estoniano.
Tanta capacidade de expressão, em diferentes idiomas, está apaixonado os cientistas, que o consideram um elo perdido para decifrar por que a natureza é capaz de produzir célebros assim. Daniel teve seguidos (e fortes) ataques de epilepsia aos quatro anos, o que deve ter contribuído, segundo seus médicos, para o desenvolvimento destas habilidades.
Uma das possibilidades é que, a partir destes ataques, outras partes do cérebro venham funcionando de forma anormal ou subnormal, diz o médico V. S. Ramachandran, Centro de Estudos do Célebro da Califórnia, o que leva Daniel a alocar os “recursos de atenção” para a parte remanescente. “Há muita evidência clínica disto, pois muitos pacientes que sofreram derrame descobrem talentos artísticos repentinamente”, diz.
Apesar de ter seu próprio negócio na área educacional, ou de dar palestras motivacionais para outros garotos autistas, Daniel fica ansioso quando fica perto de muitas pessoas, ou ouve muito barulho. Esta ansiedade faz com que ele fique a maior parte do tempo dentro de casa. Não dirige, raramente vai às compras, e conta milimetricamente o cereal que toma com leite de manhã: 45 gramas. Nem mais, nem menos.
Ao final da entrevista como veterano repórter Morley Safer, dos 60 Minutos, Daniel abre o coração: “uma hora depois de acabarmos (esta entrevista), eu não me lembrarei como você se parece. E eu vou encontrar dificuldade para reconhecer você, se eu o vir novamente. Eu me lembrarei do seu lenço, de quantos botões seu paletó tem na manga – apenas detalhes”, diz.
E finalmente: “O número Pi é uma das mais belas coisas em todo o mundo....se eu puder dividir a alegria dos números com as pessoas através dos meus escritos e da minha fala, então eu sentirei que fiz alguma coisa útil nesta vida”.
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