Brasileiro, mórmom, nove filhos, filho de jornalista, morador do deserto de Utah, David Neelemanestá ligado 24 horas, sete dias por semana, numa tomada de 220 volts. Sua apopéia, erguer uma empresa aérea de US$ 200 milhões que mudou os paradigmas da aviação, está descrita em "Flying High" (Voando Alto), de James Wynfrandt. Confira:
- Transforme sua fraqueza em diferencial - Portador de hiperatividade, David dorme tarde, acorda cedo, é piloto, comissário, chefe de torcida, fixado em tecnologia, CEO, marqueteiro e ainda é adorado por todos. Tanto na terra como no céu, não fica parado um segundo. Em setembro, o trem de pouso de uma das aeronaves da JetBlue com 140 passageiros, emperrou. O avião ficou três horas gastando combustível para poder aterrissar em segurança. Neeleman comandou tudo pessoalmente.
- Teste habilidades em empreendimentos menores - Neeleman nasceu para voar, mas tem os pés no chão. Antes de se aventurar, dirigiu a Morris Air, onde aprendeu tudo o que podia sobre a aviação. O sucesso (ficou milionário aos 33anos) deu-lhe força para mergulhar na experiência bem-sucedida da JetBlue.
- Sem ajuda, ninguém chega lá. O sucesso da Jet Blue está nas pessoas. Todo mundo adora trabalhar lá. Como ex-missionário mórmom nas favelas cariocas, David conheceu gente de todo tipo. Também não é para menos.você pega um vôo JetBlue e de repente ele aparece lá na frente, como microfone na mão, dizendo: " Estamos trabalhando duro para sermos a melhor empresa áérea da América: esperamos que voçes notem a diferença".
- Tecnologia é tudo - O pulo do gato da JetBlue foi enterrar aquela bíblia que os passageiros recebiam quando compravam passagens aéreas, com informações do vôo, direitos e obrigações. Com o e-ticket, os custos desapareceream e, hoje, basta o passageiro ter o número da reseva para entrar no avião. Esta invenção, combinada com outros fatores gerenciais, fez com que a JetBlue oferecesse passagens 65 % mais baratas.
- Divirta o povo lá em cima. Uma empresa aérea só ganha dinheiro quando seus aviões estão voando lá no alto, sem estar descendo, subindo ou estcionados nos aeroportos. Para o passageiro, no entanto, esta é a pior parte da viagem. Não há nada para fazer, especialmente para quem detesta ler. JetBlue soube que o pessoal do Air Force One, o avião do presidente dos Estados Unidos, pediu a uma empresa que inventasse um sistema de TV por satélite. Se o presidente quer ver TV lá em cima deduziu David, imagine milhões de passageiros? A empresa foi a primeira oferecer TV individual por satélite (25 canais) nas costas dos assentos. um seucesso.
- Quem gosta de probreza é intelectual. Povo gosta de conforto. Neeleman ia fechar um leasing de aviões com a Boeing, as a intransigência da empresa de Seattle em não dar desconto fez com que fechasse um negócio deUS$ 3,6 bilhões com a arqui-rival Airbus. Assim, foi possível oferecer mais espaço para as pernas dos passageiros para bagagens. Detalhe: poltronas de couro que só se viam na executiva e na primeira classe. Custam o dobro das de pano, mas duram duas vezes mais.
- O pior cego é que aquele que não quer ver. Em qual cidade você abriria ma empresa aérea no país mais desenvolvido do mundo, com pelos menos quatro empresas gigantes (todas na bancarrota), competição extremada, milhões de passageiros etc? A JetBlue reparou que o JFK, em Nova York, ficava praticamente às moscas durante o dia, já que jatos intercontinentais trafegam no período noturno. Neelman lançou vôos em horários alternativos no JFK, que fica perto de gente de alto poder aquisitivo que gosta de ter acesso fácil ao aeroporto.
- Amigo milionário não faz mal a ninguém. Um bom sistema de financiamento de aeroanaves é tão importante qaunto o binômio "pilotos velhos e aeromoças novas" para os passageiros. Desde o primeiro momento, Neelman confiou a Michael Lazarus, fundador da Weston Presidio, uma empresa de capital de risco de São Franscisco, a arrecadação de investimentos. A JetBlue conseguiu quase R$ 300 milhões para decolar, a maior capitalização inicial da história da aviação norte-americana.
- Cuide bem de quem paga o seu salário (ou se bônus). O sucesso da empresa está baseado em valores como segurança, gentileza, integridade, diversão e paixão. "O objetivo da JetBlue é trazer de volta a humanidade no tratamento dos passageiros". A cartilha de Neelaman ainda inclui admitir erro, atrair atenção, estar preparado para crescer, ter (muito) capital, controlar custos, seguir a paixão, atenção nos detalhes, respeito aos consumidores, cuidar dos empregados e abusar da tecnologia.
- Seja (na medida do possível) fiel a seu país. Neelman faria sucesso no Brasil? Dificilmente. Aqui falat mercado, tecnologia, investidores e regras que perdurem. Hoje, a JetBlue opera com 280 vôos diários, com 30 destinações em 12 estados norte-americanos. Já é a décima maior empresa aérea do país, com um lucro líquido de R$ 231 milhões em 2004. Recentemente, comprou 101 jatos da brasileira Embraerm com opção de compra de mais 100 em 2016, num valor que pode chegar a R$ 14 bilhões.
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